Redação: construindo o período

Escrever um período curto e objetivo está entre as principais dicas para quem quer escrever um texto livre de ambiguidades.

Você sabe o que é o período?

Chamamos de período a frase organizada em oração ou orações. O período pode ser:

→ simples, quando constituído de uma só oração;

→ composto, quando constituído de duas ou mais orações.

Quando o período for composto, ele poderá ser:

→ composto por coordenação;

→ composto por subordinação;

→ composto por coordenação e por subordinação.

Essa é a definição e a natureza sintática do período. Contudo, muita gente ainda não sabe a diferença que ele pode fazer na construção de sentidos do texto e acaba descuidando de sua duração. É preciso ficar atento na hora de escrever, pois a palavra escrita não dispõe dos recursos disponíveis na oralidade, entre eles a entonação e até mesmo as expressões faciais do falante. Se você nunca sabe como construir um período que tenha a duração adequada, fique atento às dicas de redação que o sítio de Português traz agora para você e elimine de uma vez por toda suas dúvidas. Vamos lá?

Dicas de redação: construindo o período

► A compreensão de um texto depende dos conhecimentos linguísticos e extralinguísticos do leitor e do autor. Para que o leitor aproveite ao máximo as informações nele disponibilizadas, é essencial que elementos como a coerência e a coesão sejam contemplados por aquele que escreve, caso contrário, o texto torna-se ininteligível. Entre os fatores linguísticos que podem dificultar a compreensão de um texto, estão as estruturas sintáticas complexas, ou seja, os períodos longos. Esse tipo de construção geralmente deixa o leitor perdido em meio a tantas ideias, e por isso deve ser evitado;

► O período deve conter um pensamento completo, isto é, deve fazer sentido, mesmo que esteja se relacionando com períodos anteriores ou ampliando os sentidos desses. Apresentar um pensamento completo não significa que o período deve ser longo, ainda que a ideia seja complexa. Opte por construções simples e curtas, mas que não abram mão de informações necessárias para a sua compreensão;

► É preciso considerar que a construção de períodos está intimamente relacionada com o estilo de escrita do autor. Algumas pessoas são naturalmente prolixas, enquanto outras presam pela concisão vocabular, conseguindo transmitir por meio de poucas palavras até mesmo raciocínios mais complexos. Nos textos não literários, é importante que você opte por construções sintáticas simples, pois neles a comunicação deve acontecer da maneira mais clara e objetiva possível. Até na literatura, arte que não possui compromisso com a objetividade, houve quem optasse pelos períodos curtos sem que isso prejudicasse a linguagem literária. Observe o exemplo no fragmento da crônica Para Maria da Graça, do escritor Paulo Mendes Campos:


“(...) Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos. Mas, ao contrário do que se pensa, os melhores e mais fundos milagres não acontecem de repente, mas devagar, muito devagar. Quero dizer o seguinte: a palavra depressão cairá de moda mais cedo ou mais tarde. Como talvez seja mais tarde, prepara-te para a visita do monstro, e não te desesperes ao triste pensamento de Alice: “Devo estar diminuindo de novo”. Em algum lugar há cogumelos que nos fazem crescer novamente (...)”.

► Períodos longos são armadilhas para a coerência e a coesão de seu texto. Excesso de informações em um único período pode resultar em falta de clareza e ambiguidade, falhas que comprometem o entendimento dos textos não literários. Além disso, os períodos curtos diminuem consideravelmente o risco de possíveis problemas com conjunções, vírgulas e concordâncias. Observe algumas dicas simples que você deverá seguir para construir um período cuja duração seja adequada:

→ Evite o uso de artigos indefinidos e de pronomes possessivos, pois os primeiros tornam o substantivo vago e os segundos podem deixar a frase ambígua, pois “seu” e “sua” podem se referir a ele (de quem se fala) ou a você;

→ Opte por substituir os pronomes demonstrativos por artigos. Isso deixará sua frase mais leve:

Aqueles funcionários foram ao departamento financeiro para solicitar o desligamento da empresa = Os funcionários foram ao departamento financeiro para solicitar o desligamento da empresa.

→ Evite empregar pronomes indefinidos: geralmente a exclusão desses elementos não causa prejuízo para o entendimento da frase. Como o próprio nome diz, pronomes indefinidos podem levar o leitor a generalizar informações e podem exigir que você, posteriormente, determine o que foi dito, ou seja, são inimigos da concisão vocabular.

http://www.portugues.com.br/redacao/dicas-redacao-construindo-periodo.html

Título, tema e parágrafo

Sempre que nos referimos sobre a presente tríade (título, tema e parágrafo), relacionamo-na às partes elementares pelas quais se perfaz toda construção textual. Considerando que esta requer habilidades por parte do emissor, e que, sobretudo, compõe-se de técnicas específicas, enfatizaremos a seguir sobre a importância, conceito e aplicação referente aos três elementos anteriormente mencionados.

Em se tratando da composição de um texto, torna-se necessário, antes de qualquer procedimento, sabermos o assunto sobre o qual iremos discorrer. Conjuntamente a isso, e de maneira essencial, elencarmos todas as ideias e argumentos que a ele são peculiares. 

Atenhamo-nos, em uma primeira instância, ao tema, haja vista que esse se refere à ideia-núcleo, proporcionando ao emissor uma gama de posições a serem discutidas acerca de um determinado assunto. 

Contextualizando-o aos casos de maior recorrência, apontamos a maioria dos concursos públicos e vestibulares, dentre os quais são disponibilizados uma multiplicidade de coletâneas, sejam elas matérias jornalísticas, charges, cartuns, poemas, fragmentos de obras literárias, entre outras. Todas retratando sobre a mesma unidade temática.

Definidos os propósitos sobre os quais incidirão de forma direta na exposição das ideias, é chegado o momento de focalizarmos nossas atenções para o título do texto, mesmo porque já apreendemos que o tema caracteriza-se por apresentar uma abrangência um pouco mais ampla. Já o título, sintetiza a ideia ora em discussão, individualizando-a, tornando-se de fundamental importância para a produção textual. 

Faz-se necessário que o mesmo esteja em consonância com o tema e, principalmente, se mostrando atrativo, com vistas a despertar a curiosidade no leitor para se interagir com o discurso apresentado, pois a coerência, um dos elementos também considerados primordiais, começa a partir do próprio título. Daí a importância de se preservar a essência, ou seja, a própria intencionalidade discursiva.

Imbuídos do objetivo de compreendermos de forma sistemática sobre tais aspectos, consideraremos os exemplos em evidência:

Tema: 
A influência exercida pelos meios de comunicação na convivência humana.

Partindo dessa premissa, procuraremos delimitá-la de modo a definirmos um título:

A televisão como norteadora das relações familiares.

Desta feita, concluímos que embora o assunto central manteve-se intacto, focalizou-se mais especificamente para os efeitos relacionados à televisão.

Tendo em vista a complexidade condizente à “arquitetura” de um texto, ressaltamos a composição dos parágrafos, responsáveis pela atribuição das ideias que, a partir de uma principal, desenvolvem-se outras secundárias interligadas entre si.

Estes, esteticamente, constituem todo o texto, razão pela qual os mesmos devem apresentar-se bem distribuídos, de modo a retratar de forma lógica e coerente o discurso abordado, promovendo assim uma verdadeira interação entre os interlocutores envolvidos.

http://www.portugues.com.br/redacao/titulotemaparagrafo.html

Volátil


Desprezo a gélida ação pragmática
que tira o gosto do pulso acelerado,
enfadonha...
sistemática.

Encanta-me o volátil,
maravilhosamente instável. Que voa!
Nascida de um impulso,
a palavra imperfeita e bêbada,
vomitada em versos convulsos.

Enfada-me a palavra unívoca e fria
das verdades absurdamente dogmáticas,
trazida em certeza inequívoca
ostensiva, enfadonha e vazia.

Seduz-me a palavra enigmática,
que maior do que eu,
mostra-me toda,
mostra-me nada!
Em disfarces e fingimentos
Permite alegorias mil,
Dos múltiplos e secretos sentimentos.

Acaso


Se por acaso, o acaso nos juntar,
livremo-nos do mal amado,
das verdades estereotipadas,
desilusões ornadas do pode não pode puritano,
nascente de todos os desenganos,
inventadas nem sabemos por quem!

Se por acaso, o acaso nos tramar,
existamos!
E de lado fiquem as reticências...
Que o tempo é nosso, mintamos!

Regidos pelo princípio do prazer,
das emoções do inconsciente,
que prevaleça o id freudiano,
olvidemo-nos da castradora prudência.

Ouça!Lá fora o tempo passeia!
Vale a vontade transparente,
corpo, matéria, alma, sentimento
e com  arte, use-se os engenhos,
ditados pela saudade urgente!

Beijo sôfrego, abraço ansioso,
dimensão única...
à razão alheia toda a paixão,
dor esquecida,  acaso auspicioso.
Roupas pelo chão espalhadas
Na pressa, dos corpos sequiosos.

Se por acaso, o acaso traiçoeiro
em nós, amantes, plantar a despedida,
sigamos! Sem prevenção!
Esqueçamos de quaisquer ofícios,
antes que eles nos matem,
que se calem!
Depois! Só depois, haverá o adeus,
a saudade,
a ausência dolorida.


 Odenilde Nogueira Martins
Síntese
Aquele galho partido,
Partiu quem sabe o porquê?
Quebrou-se de tanto pesar,
Rachou de tanto sofrer.

Agende-se

Projeto de Lei reconhece de Utilidade Pública Municipal a Associação Confraria das Letras.


Acaba de ser votado e aprovado em 1ª votação (22/04 às 18h) o projeto de Lei que reconhece de Utilidade Pública Municipal a Associação Confraria das Letras.

Não erre mais!

Acordo ortográfico

Sessão de autógrafos do livro "Caso encerrado" - Feira do Livro - 2015 - Joinville


Odenilde Nogueira Martins e Sharon D. N. Isauro


Milton Maciel, Salvador Neto e Odenilde Nogueira Martins


Da esquerda para a direita: Milton Maciel, Rita de Cássia Alves, Eu - Odenilde Nogueira Martins, David Gonçalves, Marlete Cardoso e Bernadéte Costa - todos escritores.

Adquira seu exemplar através do e-mail: prof.odenilde@hotmail.com

Exercícios com gabarito sobre a estética romântica

No artigo abaixo você verá alguns exercícios sobre a estética romântica: idealização e arrebatamento. São cinco exercícios sobre o Romantismo em Portugal.

A HISTORIA TRÁGICA DE UM AMOR DESMEDIDO

A Dama das Camélias narra a história de um sentimento tão forte que enfrenta as barreiras sociais e morais de sua época. A paixão entre Marguerite Gautier, uma bela cortesã dos salões parisienses, e Armand Duval, um jovem dividido entre o amor e o preconceito, é o tema desse romance de Alexandre Dumas Filho, narrado em primeira pessoa por um narrador-testemunha. Os dois jovens se apaixonam e, contra toda a hipocrisia da sociedade burguesa da época, vivem sua história de amor. Quando Marguerite decide deixar de ser amante para se tornar mulher, surgem os obstáculos sociais: os amantes separam-se e ela, enfraquecida pela tuberculose, morre longe de seu amado.

>> O texto a seguir, extraído de A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho, é uma carta da protagonista ao seu amado, quando já estavam separados, e enviada pouco antes de a moça morrer. Leia o trecho atentamente e responda às questões de 1 a 5.

A Dama das Camélias

Meu querido Armand, recebi a sua carta [...]. Sim, meu amigo, estou doente, e doente de uma dessas doenças que não perdoam. Mas o interesse que você ainda tem por mim diminui bastante o meu sofrimento. Certamente não viverei tempo suficiente para segurar a mão que escreveu a gentil carta que acabo de receber e cujas palavras me curariam, se algo pudesse me curar. Não o verei, pois estou muito perto da morte e centenas de léguas separam você de mim, pobre amigo! A sua Marguerite de antigamente está bem mudada, e que você não a torne a ver talvez seja melhor do que vê-la tal como ela está. Você me pergunta se eu o perdoo. Oh, de todo o coração, querido, pois o mal que você quis me fazer nada mais era do que uma prova do amor que tinha por mim. Faz um mês que estou na cama, e tenho tanto apreço à sua estima que cada dia escrevo o diário da minha vida, desde o momento em que nos separamos até o momento em que não mais terei forças para escrever.
Se o interesse que tem por mim é verdadeiro, Armand, na sua volta, vá à casa de Ju-lie Duprat. Ela lhe entregará o diário. Nele você encontrará a razão e a explicação daquilo que se passou entre nós. [...]
Caso você não mandasse notícias, ela estava encarregada de entregar-lhe estes papéis quando de sua chegada na França. Não fique agradecido. Este retorno cotidiano aos únicos momentos felizes de minha vida me faz um bem enorme, e se você encontra nesta leitura a explicação do passado, eu mesma encontro nela um contínuo alívio.
Queria deixar para você alguma coisa que me trouxesse sempre à sua mente, mas tudo se encontra na minha casa, e nada me pertence.
Compreende, meu amigo? Vou morrer e do meu quarto ouço caminhar no salão o guarda que meus credores lá colocaram para que nada seja levado e para que nada me reste, caso eu não morra. Espero que eles aguardem pelo meu fim para iniciar a venda.
Oh, os homens são impiedosos! Ou, talvez me engano, é Deus que é justo e inflexível.
Pois bem, meu amado, você virá ao meu leilão, e comprará alguma coisa, pois, se eu separar para você a menor coisa que seja, e se alguém souber disso, serão capazes de acusá-lo por desvio de objetos confiscados.
Triste a vida que eu deixo!
Deus seria bom, se permitisse que eu o visse novamente antes de morrer! Segundo todas as probabilidades, adeus, meu amigo. Perdoe-me se não escrevo mais longamente, mas aqueles que dizem que me curarão me esgotam com sangrias e minha mão se recusa a escrever mais.

Marguerite Gautier

DUMAS FILHO, Alexandre. A Dama das Camélias. Tradução: Caroline Chang. Porto Alegre: L&PM, 2004. p. 32-34.

1. Marguerite, a cortesã por quem Armand se apaixona perdidamente, separa-se dele para não comprometer o futuro do jovem. A moça toma essa atitude em nome do amor que sente por ele. Que elementos da carta revelam o amor de Marguerite por Armand?

► De que maneira o fato de Marguerite abandonar Armand, apesar do sentimento que tem por ele, revela a força desse amor e o caráter da moça?

2. No trecho citado, a situação em que se encontra Marguerite, física e financeiramente, contribui para intensificar o tom "dramático" da narrativa, algo típico dos romances românticos. Explique.

3. Depois de ser abandonado por Marguerite sem saber os motivos que a levaram a tomar tal atitude, Armand fica cego de ódio e tenta vingar-se, humilhando-a em virtude de sua condição de cortesã. Depois, escreve à jovem pedindo perdão. Releia a resposta dela ao pedido dele.

"Você me pergunta se eu o perdoo. Oh, de todo o coração, querido, pois o mal que você quis me fazer nada mais era do que uma prova do amor que tinha por mim."

► Considerando o trecho transcrito, explique como Marguerite avaliou a conduta de Armand.

4. Desde o agravamento de sua doença, Marguerite passa a dedicar-se a registrar seus dias em um diário. Com que objetivo ela faz isso?

► Que tipo de sentimento a escrita do diário gera na personagem?

5. A Dama das Camélias abandona a vida de cortesã em nome de seu amor por Armand, mas é obrigada a separar-se do jovem. No final, morre distante dele sem poder desfrutar da felicidade dessa paixão. De que maneira tal desfecho revela a concepção moralista do romance, determinada pelo contexto em que o autor viveu?

Gabarito dos exercícios

1. O tom carinhoso da carta, o tratamento afetuoso que Marguerite dispensa a Armand ("meu amigo", "querido", "pobre amigo"), além das declarações sobre a alegria que sente por ter recebido uma carta de seu amado e o desejo de revê-lo ainda uma vez antes da morte são evidências do amor que ela sente por ele.

► Sendo uma cortesã, Marguerite sabe que poderia comprometer o futuro e a posição de Armand na sociedade preconceituosa da época. A decisão de abandoná-lo e renunciar à sua paixão, pondo a felicidade dele acima da sua, demonstra a força de caráter e a pureza do amor da moça pelo rapaz.

2. Nessa passagem, Marguerite está morrendo e, mesmo nessa situação, é "vigiada" pelos credores que confiscaram seus bens em nome das dívidas contraídas por ela. Essas circunstâncias conferem à trama e à história de amor impossível o tom "dramático" que tanto agradava os leitores da época.

3. Marguerite vê, nas tentativas de Armand de fazê-la sofrer, uma prova do amor que o jovem nutre por ela. Por isso, perdoa-o e parece, inclusive, alegrar-se com o "mal" que ele lhe quis impingir. O perdão sincero da moça ao rapaz prova, mais uma vez, a grandeza do amor que os une.

4. Marguerite escreve o diário para que Armand conheça "a razão e a explicação" de ela o ter abandonado. Depois de sua morte, esses registros seriam entregues ao rapaz por uma amiga dela para que ele pudesse compreender o abandono da cortesã, a despeito do amor que sentia por ele.

► Em sua carta, Marguerite deixa claro que escrever o diário faz-lhe um bem enorme, já que garante a ela o "retorno cotidiano aos únicos momentos felizes" de sua vida. Se Armand encontrará nos registros "a explicação do passado", a Dama das Camélias afirma encontrar na leitura do que escreveu "um contínuo alívio".

5. No romance, o amor é apresentado como o sentimento capaz de regenerar o ser humano. Marguerite encontra sua redenção no amor de Armand, mas não a possibilidade de desfrutar desse amor. Sua morte, no final do romance, revela que a sociedade da época, da qual Dumas é a voz nesse momento, não aprovaria um final feliz para uma cortesã, ainda que ela tivesse sido purificada pelo amor.

Fonte:http://www.analisedetextos.com.br/2015/04/exercicios-com-gabarito-sobre-estetica

Amor de Perdição - Exercícios com gabarito

                                           Amor de perdição

  Simão Botelho amava. Aí está uma palavra única, explicando o que parecia absurda reforma aos dezessete anos.
Amava Simão uma sua vizinha, menina de quinze anos, rica herdeira, regularmente bonita e bem-nascida. Da janela de seu quarto é que ele a vira pela primeira vez, para amá-la sempre. Não ficara ela incólume da ferida que fizera no coração do vizinho: amou-o também, e com mais seriedade que o usual de seus anos. [...]
  O magistrado e sua família eram odiosos ao pai de Teresa [de Albuquerque], por questões de litígios, em que Domingos Botelho lhes deu sentenças contra. [...] É, pois, evidente que o amor de Teresa, declinando de si o dever de obtemperar e sacrificar-se ao justo azedume de seu pai, era verdadeiro e forte.
  E este amor era singularmente discreto e cauteloso. Viram-se e falaram-se três meses, sem darem rebate à vizinhança, e nem sequer suspeitas às duas famílias. O destino que ambos se prometiam era o mais honesto: ele ia formar-se para sustentá-la, se não tivessem outros recursos; ela esperava que seu velho pai falecesse para, senhora sua, lhe dar, com o coração, o seu grande patrimônio. [...]
  Na véspera de sua ida para Coimbra, estava Simão Botelho despedindo-se da suspirosa menina, quando subitamente ela foi arrancada da janela. O alucinado moço ouviu gemidos daquela voz que, um momento antes, soluçava comovida por lágrimas de saudade. Ferveu-lhe o sangue na cabeça; contorceu-se no quarto como o tigre contra as grades inflexíveis da jaula. Teve tentações de se matar, na impotência de socorrê-la. As restantes horas daquela noite passou-as em raivas e projetos de vingança. Com o amanhecer esfriou-lhe o sangue, e renasceu a esperança com os cálculos.
  Quando o chamaram para partir para Coimbra, lançou-se do leito de tal modo transfigurado, que sua mãe, avisada do rosto amargurado dele, foi ao quarto interrogá-lo e despersuadi-lo de ir enquanto assim estivesse febril. Simão, porém, entre mil projetos, achara melhor o de ir para Coimbra, esperar lá notícias de Teresa, e vir a ocultas a Viseu falar com ela. Ajuizadamente discorrera ele; que a sua demora agravaria a situação de Teresa.

BRANCO, Camilo Castelo. Amor de perdição. São Paulo: Ática, 1994. p. 26. (Fragmento).
Incólume: ilesa, inalterada.
Litígios: disputas legais.
Declinando: recusando, tirando (de si).
Obtemperar: concordar.
Sem dar rebate: sem se denunciar.
Despersuadi-lo: fazê-lo mudar de opinião, dissuadi-lo.
Viseu: cidade portuguesa.

1. Nesse trecho, o narrador apresenta o nascimento do amor entre Teresa e Simão Botelho. Como surge esse sentimento?

► O que, no trecho, revela que esse amor é um sentimento arrebatado, característico dos romances românticos? Justifique.

► Há, no trecho, elementos típicos que fizeram esse modelo de narrativa cair no gosto do público. Quais são eles?

2. O narrador descreve a jovem por quem Simão se apaixonou. Que características de Teresa ele destaca?

► De que maneira algumas dessas características revelam a sociedade da época retratada nos romances românticos?

3. No momento em que Simão e Teresa se despedem em razão da partida do jovem para Coimbra, a moça é "arrancada" da janela. Que sentimentos esse fato desperta em Simão?

► O narrador descreve a reação do jovem diante desse fato. Como essa descrição revela a natureza arrebatada e passional do amor que ele sente por Teresa?

4. Simão Botelho, antes de se apaixonar por Teresa, era um jovem de temperamento violento, cercado por más companhias e constantemente envolvido em brigas. Leia este outro trecho do romance.

No espaço de três meses fez-se maravilhosa mudança nos costumes de Simão. As companhias da ralé desprezou-as. Saía de casa raras vezes, ou só, ou com a irmã mais nova, sua predileta. [...] Em casa encerrava-se no seu quarto, e saía quando o chamavam para a mesa. [...]
Simão Botelho amava. Aí está uma palavra única, explicando o que parecia absurda reforma aos dezessete anos.

BRANCO, Camilo Castelo. Amor de perdição. São Paulo: Ática, 1994. p. 25-26. (Fragmento).

► O narrador revela que o amor provoca em Simão uma grande transformação. Qual é ela?

► Explique de que modo essa transformação confere a Simão as características que o definirão como um herói romântico.

5. A transformação vivida por Simão é exigida por uma concepção de amor que define os romances românticos. Que concepção é essa? Explique.

Gabarito dos exercícios

1. Simão vê Teresa pela primeira vez da janela de seu quarto e por ela se apaixona "irremediavelmente", sendo correspondido em seu amor. Durante três meses, o contato dos jovens se dá dessa forma, revelando a pureza e a inocência desse sentimento: veem-se pelas respectivas janelas de seus quartos, trocam juras de amor e fazem promessas de um futuro juntos.

► O fato de ambos se apaixonarem à primeira vista de maneira irremediável, como sugerem os trechos a seguir: "ele a vira pela primeira vez, para amá-la sempre"; "amou-o também, e com mais seriedade que o usual de seus anos". O arrebatamento desse amor pode ser identificado, ainda, no desespero de Simão diante da violência com que sua amada é retirada da janela através da qual os jovens se despediam.

► O amor impossível entre um rapaz e uma moça pertencentes a famílias "inimigas"; a força do sentimento que leva Teresa e Simão a ignorarem as oposições familiares; a separação do casal e o sofrimento que isso gera nos dois jovens.

2. O narrador descreve Teresa como uma jovem de "quinze anos, rica herdeira, regularmente bonita" e pertencente a uma boa família ("bem-nascida").

► A referência ao fato de Teresa ser uma rica herdeira e "bem-nascida" revela que a moça e sua família têm prestígio e pertencem à burguesia, grupo social geralmente retratado nos romances românticos.

3. Ao ver sua amada ser "arrancada" da janela, Simão é tomado por desespero, fúria e impotência, já que nada pode fazer para "resgatá-la". Nessa noite ele perde o sono, pensando em "projetos de vingança" contra quem impõe tal sofrimento a Teresa.

► O narrador descreve com exagero as reações de Simão por meio de adjetivos ("o alucinado moço") e comparações ("contorceu-se [...] como o tigre contra as grades"). Isso revela o desespero do jovem ao se ver separado de Teresa e, depois, no momento de partir ("lançou-se do leito [...] transfigurado"). Os gestos e pensamentos do rapaz, na cena, enfatizam a natureza arrebatada de seus sentimentos.

4. Simão passa a ter uma vida calma, abandona as más companhias e a vida desregrada, tornando-se quase um recluso.

► O amor por Teresa promove uma espécie de purificação em Simão, apagando os indícios do comportamento desregrado que teve antes de conhecer a jovem. Ao adotar uma vida tranquila, distante de brigas e de companhias inadequadas, o jovem passa a agir de acordo com os valores positivos que se associam ao herói romântico: recolhimento, caráter nobre, correção moral.

5. No trecho, o amor é apresentado como o meio para a transformação e redenção do indivíduo. É esse sentimento que regenera o ser humano quando a razão se mostra incapaz de fazê-lo. No caso de Simão, é o amor por Teresa que o torna uma pessoa melhor, merecedora do afeto de sua amada.

Fonte:http://www.analisedetextos.com.br/2015/04/amor-de-perdicao-exercicios-com-gabarito.html? 

Lançamento do livro "Saganossa - outras histórias" - Joinville - 15/04/15

Nelson Bortoletto - poesia de primeira

"Saganossa - outras histórias" - agende-se!


 

Lançamento da segunda antologia da Associação Confraria das Letras com crônicas, poesias e contos de 24 escritores associados. A produção foi realizada de forma cooperativada, possibilitando uma obra maravilhosa e acessível a todos!

É bom informar que já lançamos a primeira antologia, Saganossa, e mais sete mini antologias Letras da Confraria, tudo isso em apenas três anos de atividades!

Valorize a literatura, venha participar conosco! Convide seus amigos, compartilhe essa ideia!

Abril Cultural no Capitão Space!- Joinville - Prestigie!

Odenilde Nogueira Martins - "Caso encerrado" na Feira do Livro - 2015 - Joinville



















BLUSA FÁTUA

Costurarei calças pretas
com o veludo da minha garganta
e uma blusa amarela com três metros de poente.
Pela Niévski do mundo, como criança grande,
andarei, donjuan, com ar de dândi.

Que a terra gema em sua mole indolência:
“Não viole o verde de as minhas primaveras!”
Mostrando os dentes, rirei ao sol com insolência:
“No asfalto liso hei de rolar as rimas veras!”

Não sei se é porque o céu é azul celeste
e a terra, amante, me estende as mãos ardentes
que eu faço versos alegres como marionetes
e afiados e precisos como palitar dentes!

Fêmeas, gamadas em minha carne, e esta
garota que me olha com amor de gêmea,
cubram-me de sorrisos, que eu, poeta,
com flores os bordarei na blusa cor de gema!

( Maiakóvski – tradução: Augusto de Campos )
Associação Confraria das LetrasAssociação Confraria das Letras
E o que dizer da nossa Odenilde Nogueira Martins, professora de língua portuguesa e literatura?

Além disso, ela é poetisa, contista, e claro, membro da Associação Confraria das Letras.

Tem publicações no jornal Notícias do Dia, na antologia Saganossa, e em mini antologias, e lançou o seu primeiro livro de contos: Caso Encerrado.

Odenilde estará em uma sessão de autógrafos já no dia de abertura da Feira Do Livro De Joinville, sexta-feira (10/4) às 18 horas com o seu “Caso Encerrado”.

Caso Encerrado traz uma coletânea de contos cujas personagens são pessoas comuns, vivendo dramas muito próximos de todos.

São os contrastes que imprimem cor e sabor em nossa trajetória. Conviver, diariamente, com a morte faz parte da vida, seja a morte de um sonho, de uma ilusão, como é dito em Maçã do amor e Cândida ou da morte física, derradeira e cruel, conforme acontece em Sobressalto e no conto que dá nome ao livro.

Agende aí, prestigie, compartilhe, e venha participar conosco!

Há sempre um barco - Donald Malschitzky - crônica

Poderia ser apenas mais uma quinta-feira como todas quando Florianópolis é o destino de trabalho, e espio a paisagem naquela curva à esquerda, em São Miguel onde sempre há uma bateira ancorada e ao longe se vê parte da ilha e seus contornos que sobem ao céu. Só que é outono, só que o mar, liso e acariciante,está tão incrivelmente azul e tanto reflete que ficava impossível não concordar com Fernando Pessoa, e algo sussurra: “Mas foi nele que espelhou o céu”.

Há dias, e são a maioria, em que o vento levanta aquelas ondas curtas de altura e de distância entre elas na água que separa ou une continente e ilha eo fundo lodoso se mistura à superfície e aparece uma outra beleza de contraste e nostalgia. Não que seja triste – cinza não é triste, é apenas cinza -, mas há em nós a necessidade da segurança trazida pelo que é claro, decifrável aos olhos e sentimentos, talvez para compensar os labirintos mais tenebrosos de nossas mentes. 

Em dias assim, as cores da bateira ancorada, embora destoem do entorno, pouco aparecem. Falta-lhes o brilho do reflexo. 

Na quinta-feira, no entanto,há um vermelho-pescador e um amarelo-navegar- é-preciso flutuando sobre o anil. Visto de cima, da estrada, daria bela aquarela, uma foto tocante da Lair Bernardoni (onde anda você?),um anúncio de viagem inesquecível. Mirando da margem, no nível do mar, é nave errante buscando contornos no horizonte.

Velho CD de Renato Teixeira embala o caminho e adia a escolha de sempre: “Pela Via Expressa ou pelo Estreito”. Pura coincidência:“O velho barco, toda vez que vê o mar, fica confuso, com vontade de zarpar”. O trânsito no Estreito, de tão tranquilo, parece desenhado para não estragar a paisagem nem as lembranças. De cima da ponte com pouco movimento, extensões de azul, de novo, convidam o pensamento ao voo. 

Há um velho barco dentro de nós, um barco de sentimentos confusos, de medos e desejos, que precisa navegar, mas não sabe se prefere fixar-se à âncora ou enfrentar as ondas, se espera pelo vento ou vai com ele, mas,enfim, navega, “mesmo que o casco seja corroído”, como continua a canção, porque há o chamado do horizonte, e segue até transmutar-se em ponto, em azul. Libertar-se.

Leve

Leve
Leve é a fumaça do cigarro,
que em espiral azulado,
sobe aos céus e desaparece.

Leve é o copo de líquido gelado
que chega à boca,
desce sem curva,
em outros líquidos se mistura,
e lá se vai a razão,
descuidada, fica  turva.

Leve é o voo da borboleta
que pouco pousa,
pois é de vida curta,
e por isso, talvez, se faça breve.

Leve é a dor alheia,
pois outrem senti-las,
não podem, mas é sabido,
sofrimento e alegria a vida permeia.

Tão leve é a mulher que passa,
de rosto bonito
e andar bamboleante,
de quem só vimos a graça,
dela só se diz da beleza estonteante.

Leve é o tempo ardiloso
que imperceptível,
por todos passa.
Ou será que somos nós
a passar por ele?

Leve é o vento de outono
de manhãs orvalhadas,
de folhas que caem,
silenciosas,
e, no chão, apodrecem.

Leve é a conversa sem compromisso,
que despreocupada, pouco, ou quase nada,
acrescenta,
e em mesa de bar acontece,
descontraída, frouxa é a risada.

Leve é o encontro impensado
e sem amanhã,
que se perde em poucas horas,
de abraços esquecidos e beijos molhados.

Que as minhas, as tuas, as dores do mundo,
mesmo que não sejam leves,
não durem muito,
sejam breves,
e bom ventos que as soprem,
e para bem longe as levem.

Leves são estes versos?

Tomara não sejam breves!

Odenilde Nogueira Martins

UM BREVE PASSEIO CRÍTICO SOBRE DAVID GONÇALVES

UM BREVE PASSEIO CRÍTICO SOBRE DAVID GONÇALVES

Por: ORLANDO BOGO, PROF. DE LÍNGUAS E LITERATURA, CURITIBA/PR

A maior competência do ser humano é a capacidade falar, de fazer uso da palavra, portanto, esse bem maior da humanidade, competência que só ao humano é devida. A palavra, objeto de paixão do poeta Pablo Neruda : “amo tanto as palavras.” As palavras, que os “conquistadores torvos “, segundo o poeta chileno, quando nos roubaram nossas riquezas materiais, não conseguiram levar, deixaram-nos tudo, porque nos deixaram as palavras.
Ao deixarem as palavras, os conquistadores nos deixaram também uma plêiade de artífices da palavra.Deixaram-nos Pablo Neruda, Jorge Luís Borges, Gabriel Garcia Marques, Mario Vargas Llosa, Érico Veríssimo, Jorge Amado, Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, exímios trabalhadores da palavra, como o são também escritores próximos a nós:CristovãoTezza, Roberto Gomes, Miguel Sanches Neto e David Gonçalves. Uns mais, outros menos elogiados pela mídia, mas todos eles artistas da palavra, grandes contadores de histórias.
Quem gosta de uma boa história não pode deixar de ler os contos e romances de David Gonçalves, genuíno intérprete do drama, dos anseios e da luta do homem rural brasileiro. Quadrínculo é o espaço criado por David Gonçalves para cenário da maior parte de suas criações. É ali que se desenrola a inglória luta pela terra. Não pode deixar de ler Terra Braba, em que, além do episódio do passageiro que leva joias roubadas num corpo de criança, o que importa é a tragédia do ser humano, ao denunciar a perda da propriedade, a expulsão do trabalhador rural de sua própria terra pela máquina, transformando-o em boia-fria, a exploração do homem pelo poder econômico em nome do progresso.
Não pode deixar de ler o romance Acima do chão, da personagem Joãpó, “o filósofo”, que não tem inveja dos ricos, mas compaixão, porque são pobres de espírito por só possuírem dinheiro, são vazios; de Joãpó,para quem a escola ensina coisas que não o atraem, mas que sabe muitas coisas que não interessam à escola... para quem a política é a arte de servir as pessoas. De Joricão, o boia-fria que matou o gato. De Catarino, para quem “a arte é coisa de sublime loucura... ela não está ao alcance dos pobres mortais... os cretinos não chegam a ela... por isso, os cretinos têm a religião... a pobreza de espírito precisa de muitas igrejas lotadas.
Deve ler o romance o Campeão, de David, que pensava diferente dos demais meninos, que achava crime matar pássaros, que perguntava se haveria lugar no mundo para uma pessoa que pensava como ele. Ler os contos de Até Sangrar, que denunciam o trabalho escravo que sustenta o estudo dos filhos dos grandes proprietários de terras e luxuosas mansões.
Não deve deixar de ler AS Flores que o Chapadão não Deu, onde pinta, com maestria o preconceito de uma sociedade contra um professor negro recém-chegado, para assumir aulas numa escola. O Rei da Estrada, romance em que cada capítulo é batizado com uma frase da filosofia estradeira de para-choque de caminhão. Em que o caminhoneiro ao tempo em que se pensa livre porque cruza as estradas de um lado a outro, vive preso nas garras da ganância do poder econômico. Isso muito bem expresso num dos capítulos: “sou como cachimbo, só levo fumo”. 
Precisa ler Paixão Cega, a história de três irmãos cuja única semelhança é o DNA. Os três movidos por uma paixão cega: a riqueza, a fé e o amor. Romance de desfecho inesperado: o mal suplanta o bem. Mas que faz refletir sobre o que é importante para o ser humano, o dinheiro, o amor, a religião?!...
Águas de Outono é outro romance cuja temática foge aos padrões mais comuns dos relatos de DG: o boia-fria, a expulsão do pequeno proprietário de sua terra, o preconceito racial etc. Aqui, os temas são a velhice abandonada pela sociedade, a questão da existência humana, da morte, do sentido ou do sem-sentido que há em viver... 
Outra leitura que vale a pena é Adorável Margarida, cujo personagem central são os animais, com sua forma peculiar de “ler” o mundo. Evidencia-se, aqui, uma característica do autor, revelada na maioria de seus textos: linguagem direta, terna, denunciadora, mas não ingênua. Linguagem simples, mas rica, extraída da invenção popular, quase didática, mas não vulgar.
Sangue Verde também é obra indispensável na agenda dos amantes da boa leitura. É a mais recente obra de David Gonçalves. Como grande parte de sua produção literária, caracteriza-se pela denúncia. Denúncia essa das veias abertas pela exploração indiscriminada da floresta amazônica, da extinção da fauna e da flora, das riquezas minerais, do aniquilamento do legítimo dono da terra virgem, da corrupção, dos desmandos políticos.


Vale a pena destacar alguns personagens que nos traz David Gonçalves pela contundência de sua passagem pela obra. O juiz Rodolfo, incorruptível e destemido,faz cumprir a lei mesmo pondo em perigo a própria vida. Antonio Russo, inescrupuloso, apropria-se dos documentos de vítima de acidente, trocados pelos seus, assume o nome do morto, que é enterrado identificado com o nome dele.A prostituta Matilde, causadora de ciúmes entre dois garimpeiros que se matam a facadas.O fazendeiro Bambico, matador de índios, eleito senadora custa da vida de Justino, outro senador e também candidato, mas com maior potencial de votos. Doca que se embrenha na floresta em fuga com medo de ser descoberto pelo encontro de uma enorme pepita de ouro. Zé das trilhas que se compromete a pagar com a metade do ouro que encontrar os serviços do velho índio Pajeú, manipulador de beberagens que devolvem a força de homem. A professora Deolinda, que enlouquece pela perda trágica dos filhos e do marido. Zé Coquinho, capataz do fazendeiro Bambico, que roubava do patrão. Juquinha, filho do fazendeiro, herdeiro da fazenda,e que teve um romance com um peão.Rosmarc, o biólogo “protetor dos animais”, que levou um bando de seguidores ao suicídio após consumo de beberagens alucinógenas. E outros. Muitos. Todos personagens que dão ao romance um caráter humano, carregado de misticismo, ganância, ironia, violência, falta de escrúpulo, tudo o que caracteriza as paixões capitais da natureza humana.
Quem ler este meu texto-depoimento não terá dúvida de perceber que não se trata de autor especialista em crítica literária. E tem razão: trata-se de alguém que gosta do bom texto, amante da boa leitura. E por isso pode se referir a todos os autores romancistas e poetas citados. Leitor também dos bons textos de David Gonçalves. Fã das histórias de David Gonçalves, de quem pretende ler mais uma vez Sol dos Trópicos, romance contundente, de linguagem forte, crua e denunciadora.






Eu também estarei na Feira do livro

Professora de Língua portuguesa e literatura, Odenilde Nogueira Martins também vai estar na Feira Do Livro De Joinville. No dia 10/4, data de abertura do evento, a poetisa, contista, participante da Associação Confraria das Letras, estará às 18h no palco da feira para a sessão de autógrafos do livro "Caso encerrado".
A obra traz uma coletânea de contos inspirados em pessoas comuns, vivendo dramas muito próximos de todos. "São os contrastes que imprimem cor e sabor em nossa trajetória. Conviver, diariamente, com a morte faz parte da vida, seja a morte de um sonho, de uma ilusão", diz a autora. "Caso encerrado" constitui-se de narrativas despretensiosas, possíveis, simplesmente. 
>> confira a programação completa em www.feiradolivrojoinville.com.br

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