Romã
Como romã, por
fora inteira
Por dentro,
casulos de grãos vermelhos
Metamorfose
constante,
Perdida em
tantos descaminhos
De confusas
retas,
Ora em alegre
desvario,
Ora triste, ora
quieta.
Corpo convulso
em calafrios,
Composé de fatos
e cores
Em horas de
tempos...
De sustos,
quereres,
Sarcófago de
pedra calcária,
Lacrado...
À espera da
carne consumir-se
Metades de tudo
e nada.
Paradoxo,
redemoinho,
Divergências
tantas...
Pois a alma que
me tem,
Mansa não é.
A alma que eu
tenho,
É cheia de
cheganças.
Nauseada em
vórtices de paixões,
Oscilante à
beira do caos,
Gira que gira em
torvelinho arrastada,
Assim, sem
destino, andarilha do tempo,
Esquecido das
noites, também dos dias,
Caminhar reto,
teimoso e lento.
Na noite
sacrossanta, ela,
A alma inquieta,
Espia,
espicha-se, embrenha-se...
Por entre as
escuridões vela,
A Lua de prata
tão alta, tão distante...
E tão bela.
Odenilde Nogueira Martins