Poema - Romã

Romã
Como romã, por fora inteira
Por dentro, casulos de grãos vermelhos
Metamorfose constante,
Perdida em tantos descaminhos
De confusas retas,
Ora em alegre desvario,
Ora triste, ora quieta.

Corpo convulso em calafrios,
Composé de fatos e cores
Em horas de tempos...
De sustos, quereres,
Sarcófago de pedra calcária,
Lacrado...
À espera da carne consumir-se

Metades de tudo e nada.
Paradoxo, redemoinho,
Divergências tantas...
Pois a alma que me tem,
Mansa não é.
A alma que eu tenho,
É cheia de cheganças.

Nauseada em vórtices de paixões,
Oscilante à beira do caos,
Gira que gira em torvelinho arrastada,
Assim, sem destino, andarilha do tempo,
Esquecido das noites, também dos dias,
Caminhar reto, teimoso e lento.

Na noite sacrossanta, ela,
A alma inquieta,
Espia, espicha-se, embrenha-se...
Por entre as escuridões vela,
A Lua de prata tão alta, tão distante...

E tão bela.
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Odenilde Nogueira Martins