Na locução ou perífrase verbal, que constitui um todo indivisível, a ideia central é expressa pelo verbo principal (numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio), antecedido de um ou mais auxiliares, que indicam apenas as flexões de tempo, modo, pessoa, número, voz e aspecto. Nos exemplos citados, são importantes as noções de “comprar”, “ver” e “fazer”, respectivamente: “comprarei o bolo amanhã”, “garota VISTA com o namorado na praia”, “trabalho FEITO com mais cuidado”. Notem que, sem os verbos principais, os auxiliares não teriam sentido algum: “Vou……o bolo amanhã”, “Ela tem sido……com o namorado na praia”, “Isso deveria ter sido……com mais cuidado”.
Vale esclarecer o seguinte conceito importantíssimo: os tempos compostos (da voz ativa ou passiva) sempre constituem locuções verbais (Ela tem visto, ela tem sido vista…); não se trata de dois conceitos gramaticais distintos, como muitos acreditam erroneamente! Simplesmente, nem todas as locuções verbais constituem tempos compostos: se o verbo principal estiver no infinitivo (Vou comprar) ou no gerúndio (Estou fazendo), a locução verbal não constituirá tempo composto!
Vale lembrar que verbos como “dever”, “poder”, “querer” seguidos de infinitivo funcionam como auxiliares “modais”, já que exprimem a modalidade do enunciado, ou seja, a necessidade (dever), a possibilidade (poder) ou o desejo (querer) de que determinado processo se realize ou não. Funcionando como auxiliares, portanto, só podem formar locuções verbais com valor modal, que constituem apenas uma oração. Observem: “Eu quis que se falasse nisso” (Eu quis = oração principal; que se falasse nisso = oração subordinada substantiva objetiva direta “desenvolvida”, iniciada por conjunção subordinativa integrante. Temos, nesse caso, um período composto por subordinação, enquanto teremos um período simples, formado apenas por uma oração, na frase seguinte: “Eu quis falar nisso”. Já numa frase como: “Eu resolvi falar nisso”, temos um período composto por subordinação no qual a oração subordinada, “falar nisso”, é substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo).
Lembre-se de que a locução verbal equivale a um verbo, ou seja, não esqueça que o verbo “lembrar”, na forma pronominal (“lembrar-se”), é transitivo indireto e requer complemento regido da preposição “de” ("lembrar algo", mas "lembrar-se de algo"); nesse caso, o objeto indireto é representado por oração subordinada substantiva objetiva indireta (OSSOI), introduzida por conjunção integrante (“que”) sempre precedida de preposição.
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