Brincadeira - poema

Brincadeira

Há uma fada, daqui da janela, a vejo,
Lá, no fundo do jardim,
Do alto da árvore copada, em vestido rodado,
De vermelho carmim,
Lança-me olhares marotos, dança no ar,
Aprontando estripulias,
De dia, espalha pétalas perfumadas,
À noite, borda o meu céu
Com as estrelas que alicia.

Ah! Essa fada espiona!
Que vive pintando o sete,
De dia, revira o vento,
Que espichado, por arte da fada coquete,
Por entre os espaços vazios,
Zune um doce lamento.
Não satisfeita,
À noite, incansável, colore o firmamento.
E para perturbar meu sono,
 Inquieta,
Faz barulho, toca clarim,
Rodopia com pirilampos, em deliciosas orgias,
Gargalha, debocha... Brinca de ser poeta,
Finge fazer poesia.

Odenilde Nogueira Martins



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