Leve
Leve é a fumaça do cigarro,
que em espiral azulado,
sobe aos céus e desaparece.
Leve é o copo de líquido gelado
que chega à boca,
desce sem curva,
em outros líquidos se mistura,
e lá se vai a razão,
descuidada, fica turva.
Leve é o voo da borboleta
que pouco pousa,
pois é de vida curta,
e por isso, talvez, se faça breve.
Leve é a dor alheia,
pois outrem senti-las,
não podem, mas é sabido,
sofrimento e alegria a vida permeia.
Tão leve é a mulher que passa,
de rosto bonito
e andar bamboleante,
de quem só vimos a graça,
dela só se diz da beleza estonteante.
Leve é o tempo ardiloso
que imperceptível,
por todos passa.
Ou será que somos nós
a passar por ele?
Leve é o vento de outono
de manhãs orvalhadas,
de folhas que caem,
silenciosas,
e, no chão, apodrecem.
Leve é a conversa sem compromisso,
que despreocupada, pouco, ou quase nada,
acrescenta,
e em mesa de bar acontece,
descontraída, frouxa é a risada.
Leve é o encontro impensado
e sem amanhã,
que se perde em poucas horas,
de abraços esquecidos e beijos molhados.
Que as minhas, as tuas, as dores do mundo,
mesmo que não sejam leves,
não durem muito,
sejam breves,
e bom ventos que as soprem,
e para bem longe as levem.
Leves são estes versos?
Tomara não sejam breves!
Odenilde Nogueira Martins.
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