Volátil

Volátil

Desprezo a gélida ação pragmática
Que tira o gosto do pulso acelerado,
Enfadonha...
Sistemática.

Encanta-me o volátil,
Maravilhosamente instável. Que voa!
Nascida de um impulso,
A palavra imperfeita e bêbada,
Vomitada em versos convulsos.

Enfada-me a palavra unívoca e fria
Das verdades absurdamente dogmáticas,
Trazida em certeza inequívoca
Ostensiva, enfadonha e vazia.

Seduz-me a palavra enigmática,
Que maior do que eu,
Mostra-me toda,
Mostra-me nada!
Em disfarces e fingimentos
Permite alegorias mil,

Dos múltiplos e secretos sentimentos.

Odenilde Nogueira Martins

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