Não existe tempo...

Não existe tempo...

Tempo não existe para regar a amizade,
Sem que o curto tempo a degrade.
É curto o tempo para viver,
Tudo tristemente liquefeito e fugaz,
Que a pressa impensada perfaz.

Melancolicamente, o sólido,
Em compras, trocas e vendas,
Freneticamente, se desfaz.

Tempo para a semeadura,
Não há!
Há tão somente a colheita rápida,
Desavisada...
Que ceifa o prazer de ver
A indefesa semente brotar.

Quase não há tempo,
Para a garimpagem de verdadeiros tesouros,
como as delicadezas do amor
Que só construído de atos cotidianos
Solidifica-se e torna-se duradouro.

Não há tempo para o cultivo
Neste tempo líquido em que vivemos,
Resta-nos, pois, assistir à morte perene
De todos os possíveis amores.

Seres caricatos, vítimas da solidão,
que impiedosa, nos planta todas as dores.
Fujamos! Antes que a fluidez nos condene.


Odenilde Nogueira Martins – 30/10/2015

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