Não afirmo, mas conhecedores querem no persuadir de que a flor do castanheiro tem o mesmo odor que a semente prolífica que a natureza teve por bem colocar no homem para a reprodução de seus semelhantes.
Uma mocinha de uns quinze anos, que nunca tinha saído da casa paterna, passeava um dia com a mãe e um galante abade numa alameda de castanheiros, cujas flores perfumavam o ar com a suspeita fragrância que tomamos a liberdade de indicar.
- Meu Deus, mamãe, que cheiro estranho - observou a jovem, não se dando conta de onde vinha. - Sinta, mamãe, é um cheiro que eu conheço.
- Cala, filha, não digas coisas assim, te peço.
- Mas por que, mamãe? não vejo mal em lhe dizer que este cheiro me parece familiar; é mesmo.
- Minha filha!
- Mas conheço esse cheiro, mamãe. Seu abade, me diga, lhe peço, que mal há em afirmar que eu o conheço?
- Srta. - intervém o abade, arrumando a gola e aflautando a voz -, por certo o mal em si mesmo é pouca coisa, mas acontece que estamos embaixo de castanheiras, e que nós, interessados em botânica, admitimos que a flor do castanheiro...
- Sim, a flor do castanheiro?
- bem, srta., é que ela cheira a esperma.
( Marquês de Sade. O corno de si mesmo & e outras historietas. Tradução de Paulo Hecker Filho. L&PM Pocket, maio de 2012. )
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