O uso recorrente de determinadas expressões



Referindo-nos ao adjetivo “recorrente”, estamos justamente enfatizando sobre o uso corriqueiro de alguns termos que mediante ao atributo da língua escrita precisam estar em consonância com o padrão formal. Estes, na maioria das vezes, são alvo de dúvidas entre os usuários, mesmo porque quase todos são dotados de extrema semelhança sonora. Todavia, graficamente, apresentam divergências, e são estas que lhes atribuem também significados diferentes. 

Mas nada que uma efetiva assiduidade mediante a prática da leitura e escrita não consiga sanar estes “supostos” questionamentos, ampliando, assim, ainda mais a nossa competência como um todo. E para tal, algumas dicas tendem a tão somente nos auxiliar rumo à conquista dessas habilidades. Sendo assim, eis que segue uma relação precedida dos principais casos:

*Abaixo/ A baixo

Abaixo revela o sentido de lugar menos elevado, inferior. 

Para Marcela, era inaceitável que ocupasse uma posição abaixo de suas verdadeiras pretensões. 

A baixo significa “para baixo”.

Quando percebemos, lá estava o brinquedo sendo levado correnteza a baixo. 

*A cerca de/ Acerca de/ Cerca de/ Há cerca de. 

A cerca de ou cerca de retrata o sentido de “aproximadamente, mais ou menos”.

O parque foi construído a cerca de quinhentos metros do condomínio. 

O tempo estimado pelo profissional foi cerca de três semanas para a conclusão das obras. 

Acerca de corresponde ao sentido de “a respeito de, sobre”.

Durante a reunião muito se discutiu acerca da problemática ambiental. 

Há cerca de relaciona-se ao sentido de tempo decorrido, haja vista que o verbo haver se encontra na sua forma impessoal.

Há cerca de três anos não visito meus familiares. 

*Acima/ A cima 

Acima retrata o sentido de “um lugar mais elevado, superior”.

Conforme pode perceber, na lista de aprovados seu nome se encontra acima do meu. 

A cima significa “para cima”.

Todos os convidados me olharam de baixo a cima.

*A fim/ Afim

A fim encontra-se relacionado ao sentido de “finalidade, objetivo pretendido”. 

A fim de evitar maiores contratempos, ele resolveu afastar-se de sua amiga. 

Afim classifica-se como um adjetivo invariável, cuja significância se atribui à semelhança, afinidade. 

Como na antiga grade havia matérias afins, pude adiantar bastante o meu curso. 

*A menos de/ Há menos de 

A menos, classifica-se como locução prepositiva, e retrata o sentido de tempo futuro ou distância aproximada. 

Encontramo-nos a menos de dois quilômetros do destino almejado. 
A menos de um mês estaremos de férias. 

Há menos de significa “aproximadamente, mais ou menos”, conjuntamente ao verbo haver, que estando de forma impessoal denota tempo decorrido. 

Ele saiu de casa há menos de dois anos. 

*Ao encontro de/ De encontro a 

Ao encontro de revela o sentido de a favor de. 

As propostas dos candidatos vão ao encontro do que se espera a população.

De encontro a significa oposição, ideia contrária. 

Suas opiniões vão de encontro às minhas. 

*Ao invés de/ Em vez de

Ao invés denota o sentido de “ao contrário de” 

Ao invés de calar-se, continuou discutindo com seu superior.

Em vez exprime a ideia de substituição, “em lugar de’. 

Em vez de viajar nas férias, optou por descansar em casa. 

*A par/ Ao par 

A par significa estar ciente de algo, informado sobre um determinado assunto.

Quando ela resolveu se abrir, seus pais já estavam a par de tudo. 

Ao par indica o sentido de equivalência cambial.

O euro e o dólar já estiveram ao par por algum tempo. 

*Demais/ De mais 

Demais, caracterizado como advérbio de intensidade, se equivale a muito, excessivamente.

Nossa! A meu ver você parece egoísta demais.

Como pronome indefinido corresponde a “os restantes, os outros”.

Ele foi o único que se sobressaiu entre os demais.

De mais caracteriza-se como o oposto do termo “de menos”. 

Há alunos de mais nesta sala.

*Há/ A

Há, depreendendo o sentido de impessoalidade (por isto permanece sempre na terceira pessoa do singular), revela o sentido de existir ou fazer.

Nesta sala há verdadeiros talentos na área de exatas. 

O A , tanto pode indicar tempo futuro (que se conta de hoje para o futuro) ou apenas se revelar como uma preposição.

Daqui a alguns meses concluiremos nossa pesquisa.

Não entregue esta encomenda a ele. 

*Mas/ Mais 

Mas integra a classe das conjunções, revelando o sentido de ideia contrária, oposição.

Não pôde comparecer ao aniversário, mas enviou o presente. 

Mais pode ser classificado como advérbio de intensidade ou pronome indefinido.

Clarice foi a menina que mais se destacou durante a apresentação. 

*Mau/ Mal 

Mau pertence à classe dos adjetivos, podendo ser utilizado quando significar o contrário de “bom”. 

Ele é um mau aluno. (Poderíamos substituí-lo por bom) 

Mal pode adquirir os seguintes valores morfológicos: 

* advérbio de modo – podendo ser substituído por “bem”.

Carlos foi mal sucedido durante o tempo em que atuou nesta profissão. (O contrário poderia ter acontecido) 

* conjunção subordinativa temporal – denota o sentido de “assim que, quando”.

Mal chegava em casa, já começavam as discussões. 

* substantivo – neste caso, sempre aparece precedido de artigo ou qualquer outro determinante. 

Este mal só pode ser resolvido com a chegada dele. 

*Onde/ Aonde

Onde é utilizado mediante o emprego de verbos que indicam sentido estático, permanente. 

Gostaria muito de saber onde ele mora. 

Aonde é utilizado com verbos que indicam movimento. 

Aonde vais com tamanha pressa? 

*Por que/ Porque/ Por quê/ Porquê

Por que – Trata-se de duas palavras – preposição (por) + pronome (que). Desta forma assume as seguintes posições: 

* quando equivale a “pelo qual” e demais variações:

Esta é a conquista por que sempre busquei. (pela qual) 

* quando equivale a “por qual razão”, “por qual motivo”. Neste caso, trata-se da preposição “que” + o pronome interrogativo “quê”. 

Por que não compareceu à reunião? (por qual motivo) 

Por quê – ocorrência esta que se efetiva quando o pronome interrogativo se posiciona no final da frase ou aparece seguido de uma pausa forte, fato que permite que o monossílabo átono(que) passe a ser concebido como tônico (quê).

Vocês saíram mais cedo da festa, por quê? 

Porque somente pode ser utilizado quando retratar o sentido das conjunções equivalentes a visto que, uma vez que, pois ou para que. 

Não poderemos viajar porque minhas férias não coincidem com as suas. 

Porquê é empregado quando se classifica como um substantivo, revelando o sentido de causa, motivo. Nesse caso, sempre aparece acompanhado por um determinante. 

Desconhecemos o porquê de tanta desorganização. (o motivo) 

*Se não/ Senão 

Se não equivale a caso não, indicando, assim, uma probabilidade. 

Se não chover, iremos ao cinema amanhã.

Senão equivale a “caso contrário” ou “a não ser’.

Espero que estejas bem preparado, senão não conseguirás obter bom resultado. 

*Na medida em que/ À medida que

Na medida em que exprime relação de causa, equivalendo-se a porque, já que, uma vez que. 

Na medida em que os inquilinos não cumpriam com o pagamento em dia, iam sendo despejados. 

À medida que indica proporção, simultaneidade. 

À medida que o tempo passa, mais aumenta a saudade. 

*Tampouco/ Tão pouco 

Tampouco equivale a “também não”. 

Quem não respeita a si próprio, tampouco respeita a seus semelhantes. 

Tão pouco equivale a muito pouco. 

Como posso me divertir se ganho tão pouco?

http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-recorrente-determinadas-expressoes-.html

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