Faça-me verbo!
Se ficares além de mim,
fale de tempestades,
tormentas e tormentos,
calmarias,
conte, sorria.
Cante,
fale amenidades,
diga os defeitos,
declare qualidades,
sem esquecer-te da alegria.
Conte que fui mais que imperfeita
furacão, ventania,
controversa,
fui noite e fui dia!
Fale de meu lado negro
sem olvidar-te da poesia.
Fale de tudo,
mas não te esqueça da flor.
Quero-a muito vermelha,
ainda em botão.
Quero teu pranto também,
Declare, amor,
uma saudade.
Não tem furte de palavras,
faça-me verbo!
Assim deve ser.
Fale de mim só verdade,
quando, para sempre, eu me for.
Odenilde Nogueira Martins
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