Resumo sobre Realismo - Naturalismo


                                              Origens
França

1855 - Pintura: exposição de Gustave Courbet
1857 - Literatura: publicação de Madame Bovary, de Gustave Flaubert
- Le Réalisme: revista editada por Louis Duranty
1880 - Literatura: publicação de Le Roman Experimental, de Émile Zola
Portugal
1865 - publicação de Odes modernas, de Antero de Quental
- "Questão Coimbrã" ou do "Bom senso e bom gosto"
1871 - conferências do Cassino Lisbonense
1875 - publicação da primeira versão de O crime do padre Amaro, de Eça de Queirós.

Brasil

1881 - Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
- O mulato, de Aluísio Azevedo
1888 - O Ateneu, de Raul Pompéia

Traços estilístico-ideológicos
Predomínio de uma concepção materialista da realidade: "observemos, analisemos, experimentemos" - palavra de ordem da época.
Literatura do não-eu: impessoalidade e objetivismo, observação e análise, estudo do homem - romance experimental (realidade exterior); romance psicológico (realidade interior).

Alvo principal do Realismo: a destruição das ilusões românticas. Na segunda metade do século XIX tudo muda vertiginosamente; provêm daí a insegurança humana e a recusa ao sonho e ao devaneio.
Postura racionalista: o escritor realista-naturalista adotará metodologia rigorosa, amparada nas teses do Evolucionismo, do Positivismo, do Determinismo, do Socialismo utópico e científico, do Anticlericalismo.

Evolucionismo: de acordo com Darwin, as espécies animais não seriam criadas ao mesmo tempo (as mais simples teriam dado, gradualmente, origem às mais complexas).

Positivismo: num mundo acelerado, a metafísica deixava de ter sentido; exigia-se, portanto, uma razão "positiva", que só considerasse os fenômenos cientificamente. Manifesta-se uma reação contra as extravagâncias, as poses e as veleidades espiritualistas.

Determinismo: o historiador e crítico francês Hippolyte Taine (1828-1893) diz, em Filósofos franceses do século XIX (1857), que o homem é determinado pelo meio, pela raça e pelo momento histórico. Socialismo: os realistas incorporaram os princípios utópicos de Proudhon (associações de auxílio mútuo formadas por pequenos produtores), fundamentados por Marx,e Engels - abandono de teses religiosas, discussão da mais-valia (no capitalismo, enquanto o lucro aumenta em progressão geométrica, o proletariado se enterra numa miséria ascendente).

Anticlericalismo: Ernest Renan (1823-1892), estudioso da religião sob uma perspectiva racionalista, critica a Igreja, considerando-a instituição do passado e, portanto, hostil ao desenvolvimento natural da vida.

Niilismo: escritores como Antero de Quental e Machado incorporaram o niilismo de Arthur Schopenhauer (1788-1860). Em O mundo como vontade e representação (1819), esse pensador alemão propõe os elementos éticos e metafísicos de sua filosofia ateia e negativista, voltada contra todo gozo e toda ação.

Arte documental: os escritores querem radiografar a sociedade. Buscam desnudar a realidade e mostrar suas fraquezas ocultas e seus falsos valores.
Apelo para a descrição (mais do que para a narração): daí certa aproximação com a pintura impressionista. O descritivismo será a base da prosa realista. As situações serão estáticas, com variação dos detalhes. O espaço assumirá caráter opressivo e o narrador procurará ser frio, tal como um analista científico.
O romance realista procurará também revelar as trevas do subconsciente (ódios inconfessados, crimes mórbidos, tentações abomináveis, pesadelos). Daí o romance psicológico. Procede-se, portanto, a uma espécie de anatomia pessimística e moral do universo burguês. Como esclarece Machado de Assis: "Eu gosto de catar o mínimo e o escondido. Onde ninguém mete o nariz, aí entra o meu, com a curiosidade estreita e aguda que descobre o encoberto."

Romance naturalista: os adeptos dessa tendência partem de teses, quase sempre associadas às ciências naturais, às quais a personagem se amoldava, semelhantemente ao que ocorre com as cobaias de laboratório. Manifestam preferência pela anomalia social: miséria, adultério, criminalidade, desequilíbrio, desvios etc. O termo Naturalismo consolidou-se quando Zola, influenciado pela Intro-duction à Ia Médecine Experimentale (1865), de Claude Bernard, publicou Le Roman Experimental (1880): "O romance experimental é uma consequência da evolução científica do século; ele continua e completa a fisiologia...; substitui o estudo do homem abstrato, do homem metafísico, pelo estudo do homem natural, submetido às leis físico-químicas e determinado pelas influências do meio."

http://www.analisedetextos.com.br/2015/02/

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