ESTE MERECE LUGAR DE DESTAQUE PELO QUE REPRESENTA PARA A CULTURA BRASILEIRA... TÃO ESQUECIDA E DESPREZADA.

OLHEM QUE BELEZA! CORDEL EM QUADRINHOS!

Um peixe voador do tamanho de um leitão é visto em plena Floresta Amazônica. Um misterioso aparelho eletrônico de pesca aparece boiando no riachinho a vila. Seu Vivinho vai parar no bucho de um surubim gigante...

Neste novo livro, "A pescaria magnética do Seu Vivinho", Fábio Sombra e João Marcos dão prosseguimento à parceria que uniu a linguagem dos versos de cordel e a estética das histórias em quadrinhos.





SEM ERROS DE PORTUGUÊS - APRENDA JOGANDO - É MUITO DIVERTIDO

http://educarparacrescer.abril.com.br/100-erros/index.shtml?utm_source=redesabril_educar&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_educar&utm_content=eventos&

ÊTA, BRASIL CABOCLO! DANADO DE BUNITU, SÔ!




ZÉ DA LUZ

http://www.ablc.com.br/imagens/dot2.gif
Severino de Andrade Silva, nasceu em Itabaiana, PB, em 29/03/1904 e faleceu no Rio de Janeiro-RJ, em 12/02/1965. O trabalho de Zé da Luz é conhecido pela linguagem matuta presente em seus cordéis.


Brasi Caboco
Autor: Zé da Luz
O qui é Brasí Caboco?
É um Brasi diferente
do Brasí das capitá.
É um Brasi brasilêro,
sem mistura de instrangero,
um Brasi nacioná!
É o Brasi qui não veste
liforme de gazimira,
camisa de peito duro,
com butuadura de ouro...
Brasi caboco só veste,
camisa grossa de lista,
carça de brim da “polista”
gibão e chapéu de coro!
Brasi caboco num come
assentado nos banquete,
misturado cum os home
de casaca e anelão...
Brasi caboco só come
o bode seco, o feijão,
e as veiz uma panelada,
um pirão de carne verde,
nos dias da inleição
quando vai servi de iscada
prus home de posição.
Brasi caboco num sabe
falá ingrês nem francês,
munto meno o português
qui os outros fala imprestado...
Brasi caboco num inscreve;
munto má assina o nome
pra votar pru mode os home
Sê gunverno e diputado
Mas porém. Brasi caboco,
é um Brasi brasileiro,
sem mistura de instrangero
Um Brasi nacioná!
É o Brasi sertanejo
dos coco, das imbolada,
dos samba, dos vialejo,
zabumba e caracaxá!
É o Brasi das vaquejada,
do aboio dos vaquero,
do arranco das boiada
nos fechado ou tabulero!
É o Brasi das caboca
qui tem os óio feiticero,
qui tem a boca incarnada,
como fruta de cardoro
quando ela nasce alejada!
É o Brasi das promessa
nas noite de São João!
dos carro de boi cantano
pela boca dos cocão.
É o Brasi das caboca
qui cum sabença gunverna,
vinte e cinco pá-de-birro
cum a munfada entre as perna!
Brasi das briga de galo!
do jogo de “sôco-tôco”!
É o Brasi dos caboco
amansadô de cavalo!
É o Brasi dos cantadô,
desses caboco afamado,
qui nos verso improvisado,
sirrindo, cantáro o amô;
cantando choraro as mágua:
Brasi de Pelino Guedes,
de Inácio da Catingueira,
de Umbelino do Texera
e Romano de Mãe-d’água!
É o Brasi das caboca,
qui de noite se dibruça,
machucando o peito virge
no batente das jinela...
Vendo, os caboco pachola
qui geme, chora e soluça
nas cordas de uma viola,
ruendo paxão pru ela!
É esse o Brasi caboco.
Um Brasi bem brasilero,
sem mistura de instrangêro
Um Brasi nacioná!
Brasi, qui foi, eu tô certo
argum dia discuberto,
pru Pêdo Arves Cabrá.

DÚVIDAS DO DIA A DIA: POR QUE...ONDE...MAS...MAL...TRAZ... A... SOB..OU?


                 POR QUE, POR QUÊ, PORQUE, PORQUÊ
  

   O uso dos porquês é um assunto muito discutido e traz muitas dúvidas. Com a análise a seguir, pretendemos esclarecer o emprego dos porquês para que não haja mais imprecisão a respeito desse assunto.

Por que
O "por que" tem dois diferentes empregos:

   Quando for a junção da preposição por + pronome interrogativo ou indefinido que, possuirá o significado de “por qual razão” ou “por qual motivo”:

Exemplos: Por que você não vai `festa? (por qual razão)
Não sei por que não quero ir. (por qual motivo)

   Quando for a junção da preposição por + pronome relativo que, possuirá o significado de “pelo qual” e poderá ter as flexões: pela qual, pelos quais, pelas quais.
Exemplo: Sei bem por que motivo permaneci neste lugar. (pelo qual)

Por quê
    Quando vier antes de um ponto, seja final, interrogativo, exclamação,  por quê deverá vir acentuado e continuará com o significado de “por qual motivo”, “por qual razão”.
Exemplos: Vocês não fizeram a tarefa? Por quê?Andar cinco quilômetros, por quê? Vamos de carro.

Porque
   É conjunção causal ou explicativa, com valor aproximado de “pois”, “uma vez que”, “para que”.
Exemplos: Não fui à praia porque estava chovendo. (pois)
Não vá fazer intrigas porque prejudicará você mesmo. (uma vez que)

Porquê
   É substantivo e tem significado de “o motivo”, “a razão”. Vem acompanhado de artigo, pronome, adjetivo ou numeral.
Exemplos: O porquê de não estar conversando é porque quero estar concentrada. (motivo)
Diga-me um porquê para não fazer o que devo. (uma razão)
     
 **********************************************************************************************************************************
                  ONDE OU AONDE?
ONDE- esta palavra indica LUGAR FÍSICO, por isso não pode ser usada em frases, situações em que a ideia de lugar não esteja presente. Usamos, por isso, com verbos que não indicam movimento.
Exemplos:
ONDE você está agora?
ONDE Paulo trabalha?
A escola ONDE João estuda fica longe daqui.
A casa ONDE moro é perto de meu trabalho.

AONDE - usamos com verbos que indicam MOVIMENTO. Vejam alguns exemplos: 
Ir a- AONDE você vai agora?
chegar a- AONDE o jogador chegará na meta final?
dirigir-se a- AONDE Paulo se dirigiu quando saiu do colégio?
 *********************************************************************************
                                                     " MAS" OU "MAIS?                        

   Se a relação for de adversidade, oposição, é “mas”: “Estudou muito, mas não passou”; “A equipe jogou bem, mas não venceu”; “Código de leis brasileiro é elogiado, mas o país não pode descuidar”.               

Note que “mas” pode ser substituído por “porém”: “Estudou muito, porém não passou”.

   Se a relação for de intensidade, quantidade, é “mais”: “Comprou mais brinquedos.”/ “O time precisa jogar mais na defesa.”/ “Você é a pessoa mais correta que eu conheço.”

Note que “mais” pode ser substituído por “menos”: “Comprou menos brinquedos”.
***************************************************************************************************************
                                                   MAL OU MAU?
a)    MAU é um adjetivo e se opõe a BOM:“Ele é um mau profissional.” (x bom profissional);
“Ele está de mau humor.” (x bom humor);
“Ele é um mau-caráter.” (x bom caráter);
“Tem medo do lobo mau.” (x lobo bom);
b)    MAL pode ser:
1.    advérbio (=opõe-se a BEM):
“Ele está trabalhando mal.” (x trabalhando bem);
“Ele foi mal treinado.” (x bem treinado);
“Ele está sempre mal-humorado.” (x bem-humorado);
“A criança se comportou muito mal.” (x se comportou muito bem);
2.    conjunção (=logo que, assim que, quando):“Mal você chegou, todos se levantaram.” (=Assim que você chegou);
“Mal saiu de casa, foi assaltado.” (=Logo que saiu de casa);
3.    substantivo (=doença, defeito, problema):“Ele está com um mal incurável.” (=doença);
“O seu mal é não ouvir os mais velhos.” (=defeito).
Na dúvida, use o velho “macete”:
MAL  x  BEM;
MAU  x  BOM.

***********************************************************************************
Quando usamos TRAZ?
   Quando escrevemos “traz” sem acento e com Z, o significado é de conduzir, transportar, causar, ocasionar, oferecer.
“Traz” é a terceira pessoa do singular, presente do indicativo, verbo “trazer”.
Exemplo: A criança traz seus brinquedos toda sexta-feira.
Quando usamos TRÁS?
   Quando escrevemos “trás” o significado é de atrás, detrás.
A função fica sendo a de advérbio de lugar e SEMPRE  está acompanhado de uma preposição, assim sendo, uma locução adverbial.

Exemplos: Ela estava atrás do prédio.
***********************************************************************************
                     “A OU “HÁ”?
 Usa-se “há” quando o verbo “haver” é impessoal, tem sentido de “existir” e é conjugado na terceira pessoa do singular.
Exemplo: Há um modo mais fácil de fazer essa massa de bolo.
Existe um modo mais fácil de fazer essa massa de bolo.
Convém ressaltar que o verbo “existir” flexiona de acordo com o substantivo a que se refere.
Exemplo: Existem modos mais fáceis de fazer essa massa de bolo.

 Ainda como impessoal, o verbo “haver” é utilizado em expressões que indicam tempo decorrido, assim como o verbo “fazer”.
Exemplos: Há muito tempo não como esse bolo.
Faz muito tempo que não como esse bolo.

Logo, para identificarmos se utilizaremos o “a” ou “há” substituímos por “faz” nas expressões indicativas de tempo. Se a substituição não alterar o sentido real da frase, emprega-se “há”.
Exemplos: Há cinco anos não escutava uma música como essa.
Substituindo por faz: Faz cinco anos que não escutava uma música como essa.

 Quando não for possível a conjugação do verbo “haver” nem no sentido de “existir”, nem de “tempo decorrido”, então, emprega-se “a”. Isto ocorre na indicação de tempo futuro, distância,.
Exemplos: Sairemos daqui a duas horas.

Daqui a São Francisco do Sul são 60 quilômetros.

Exemplos: Daqui a pouco você poderá ir embora.
Estamos a dez minutos de onde você está.

Importante: Não se usa “Há muitos anos atrás”, pois é redundante, pleonasmo. Não é necessário colocar “atrás”, uma vez que o verbo “haver” está no sentido de tempo decorrido.

**********************************************************************************************
                                      SOB OU SOBRE?  
SOB significa “embaixo de” e também se usa em expressões como “sob o comando de”, “sob controle”, “sob o domínio de”, “sob a direção de”, “sob o governo de”, “sob medida”, “sob a mira de”, “sob a ótica de”, “sob o pretexto de”, “sob pressão”, “sob censura”.


SOBRE pode ser “em cima de” ou “a respeito de”: "Repousou a cabeça sobre o travesseiro"; "Ontem ele falou sobre religião".

O POETA DA ROÇA MERECE UM LUGAR DE DESTAQUE EM MEU CANTINHO - PATATIVA DO ASSARÉ - TRECHOS

Patativa do Assaré não foi um homem analfabeto e iletrado. Teve pouco estudo, sim, mas teve também, o raro dom de lidar com as palavras. Possuidor de uma memória incomum, era capaz de dizer todos os mais de mil poemas que escreveu sem errar, ao menos, uma palavra. Quando escrevia, seus versos e rimas irrompiam de sua mente e não precisavam de retoques ou ajustes. Nasciam perfeitos, não careciam de lapidação. Veja sua inspiração nesse soneto abaixo:

O Peixe

Tendo por berço

o lago cristalino,

folga o peixe

a nadar todo inocente.

Medo ou receio

do porvir não sente,

pois vive incauto

do fatal destino.

Se na ponta de

um fio longo e fino

a isca avista,

ferra-a inconsciente,

ficando o pobre

peixe de repente,

preso ao anzol

do pescador ladino.

O camponês também

do nosso Estado,

ante a campanha eleitoral:

Coitado.

Daquele peixe tem

a mesma sorte.

Antes do pleito:

festa, riso e gosto.

Depois do pleito:

imposto e mais imposto…

Pobre matuto do

Sertão do Norte.

Freqüentou a escola por apenas quatro meses, em 1921, mas desde então vem “lidando com as letras”, como ele mesmo afirmou. Atuava como versejador em festas, e quando comprou uma viola, deu-se início à atividade de compositor, cantor e improvisador.

“Não tenho sabença,

pois nunca estudei,

apenas eu sei

o meu nome assiná.

Meu pai, coitadinho,

vivia sem cobre

e o fio do pobre

não pode estudá”

Segundo filho de um agricultor da região do Cariri ficou órfão de pai aos oito anos, passando a trabalhar no campo para ajudar sua mãe e sua família. Escolarizado durante seis meses, quando tinha 12 anos, percebe que seu mestre, embora extremamente generoso e dedicado, era precariamente letrado e não sabia ensinar pontuação. É dessa forma que aprende a ler, sem ponto e sem vírgula.

“Sou filho das matas

cantor da mão grossa

trabalho na roça

deveras o destino.


A minha choupana

é tapada de barro,

só fumo cigarro

de palha de milho.


Meu verso rasteiro

singelo, sem graça

não entra na praça

no rico saloon


Meu verso só entra

no campo e na roça,

na pobre palhoça

da terra ao sertão.”

O poeta Patativa do Assaré canta a fome e a miséria do povo da caatinga e do agreste, permitindo-lhes sonhar e se encantar.

“De noite tu vives na tua palhoça,

de dia na roça de enxada na mão.

Julgando que Deus é um Pai vingativo,

não vês o motivo da tua pressão.


Tu és nesta vida um fiel penitente,

um pobre inocente no banco do réu.

Caboclo não guarde contigo essa crença,

a tua sentença não parte do Céu”

Patativa transitava entre ambos os campos com uma facilidade camaleônica e capacidade criadora e intelectual ainda não totalmente compreendidas pelo meio acadêmico.

“Pobre agregado, força de gigante

escuta amigo o que te digo agora.

Para saíres da fatal fadiga

do horrível jumo que cruel

te obriga a padecer em situação precária.


Lutai altivo, corajoso, esperto

pois só verás o teu País liberto

se conseguires a reforma agrária”

A complexidade da obra de Patativa é evidente também pela sua capacidade de criar versos tanto nos moldes camonianos (inclusive sonetos na forma clássica), como poesia de rima e métrica populares (por exemplo, a décima e a sextilha nordestina). Ele próprio diferenciava seus versos feitos em linguagem culta daqueles em linguagem do dia-a-dia (denominada por ele de poesia “matuta”).

“Só canto o buliço

da vida apertada,

da lida pesada

das roças ou dos eito.

E as vez recordando

a feliz mocidade,

canto uma sodade

que mora em meu peito”

Patativa nunca deixou de ser agricultor e de morar na mesma região onde se criou (Cariri) no interior do Ceará. Seu trabalho se distingue pela marcante característica da oralidade. Seus poemas eram feitos e guardados na memória, para depois serem recitados. Daí o impressionante poder de memória de Patativa, capaz de recitar qualquer um de seus poemas, mesmo após os noventa anos de idade.
Certa vez ( já com 91 anos de idade), foi perguntado se sentia medo da morte?
Ele respondeu galantemente com um verso novo, recém criado, demonstrando ser ainda um ótimo improvisador:

“Cachingando, cego e surdo

Sem ver e sem está ouvindo

pra mim não é absurdo.

Vou meu caminho seguindo.


Nunca pensei em morrer

Quem morre cumpre um dever.

Quando chegar o meu fim

Eu sei que a terra me come,

mas fica vivo o meu nome

para os que gostam de mim”


100 anos de Poesia Matuta

Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré
(Assaré-CE, 5 de março de 1909 — 8 de julho de 2002)

POSTO PORQUE GOSTO MUITO! SE GOSTO, COMPARTILHO! " PORQUE HOJE É SÁBADO" - VINICIUS DE MORAIS

Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado
Hoje há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado

Há um rico que se mata
Porque hoje é sábado
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado

Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado

Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado

Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado
Há um grande espírito-de-porco
Porque hoje é sábado

Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado
Há criancinhas que não comem
Porque hoje é sábado

Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado

Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado
Há uma tensão inusitada
Porque hoje é sábado

Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado

Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado

Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado

Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado 
Umas difíceis, outras fáceis
Porque hoje é sábado

Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado 
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado

Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado

Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado