Dupla Tonico e Tinoco foi uma das mais originais da música caipira Tonico morreu em 1994 e Tinoco em 2012. Antes de morrer, Tinoco conversou com o repórter José Hamilton Ribeiro.


Na sua forma sempre espirituosa de contar as coisas, Tinoco dizia que não tinha uma terra natal, mas três. Quando nasceu, sua casa ficava no município de Botucatu, interior de São Paulo. Uma posterior revisão de limites colocou o lugar em São Manuel. Finalmente, por força de emancipação, o distrito de Pratânia separou-se de São Manuel e, hoje, o lugar onde nasceu Tinoco fica em Pratânia, junto ao povoado de Guarantã.
Lembranças e reconhecimento
Em Pratânia, um museu relembra a trajetória da dupla. Tem foto da mãe, a roupa que Tinoco usou para receber o Prêmio Sharp de Música, capa de um disco lembrando o show no Teatro Municipal, fotos da história artística, um velho rádio, uma máquina de costura da mãe e um fogão de lenha.
Em maquete feita por um admirador de Tinoco, uma reprodução da colônia de café Deca de Barros, onde os irmãos João e José Perez passaram parte da infância e juventude, chama a atenção. O lugar teve muita influência nas músicas.
Além do museu, há uma praça, chamada Tonico e Tinoco, com duas grandes estátuas, uma homenagem aos artistas e referência para quem visita a cidade.
Foi na rádio de São Manoel que Tonico e Tinoco, ainda meninos, cantaram pela primeira vez, em 1940, com a possibilidade de ser ouvidos além dos limites da colônia.
Assista ao vídeo com a reportagem completa e conheça o início da carreira da dupla.
A carreira da dupla Tonico e Tinoco foi longa e durou 60 anos. Em 1994, Tonico morreu e, desde então, Tinoco continuou cantando sozinho, algumas vezes fazendo dupla com outros cantores, outras usando recursos da tecnologia.
Mesmo após quase 20 anos do fim da dupla, segue havendo em vários locais do país, pessoas que cultuam Tonico e Tinoco.
Em Curitiba, Maikel Monteiro é um exemplo disso. Reconhecido pela família dos cantores como o maior colecionador de itens da dupla, ele tem todos os discos, LPs, compactos duplos, CDs masterizados, DVDs, livros, filmes e uma preciosa coleção de livrinhos com letras de músicas da dupla.
Tonico e Tinoco também foram artistas de cinema e apareceram em sete filmes, um deles “Marvada Carne”, com a atriz Fernanda Torres. Mas o cinema não foi bom e eles perderam dinheiro. Já na música, seguiram como grandes pioneiros.
O maestro de música clássica Júlio Medalha é um dos admiradores da dupla. “Eles tinha vozes muito boas. Aquelas vozes paralelas, que caminhavam juntas tão uniformes, que pareciam uma voz só. Era um uníssono a dois. Eles significam uma das coisas mais puras e autênticas que temos na música”, afirma Júlio.
Foram mais de 1.200 canções gravadas pela dupla, entre elas ‘Chico Mineiro’, símbolo da carreira. Confira o vídeo com a reportagem completa e um clipe que encena a história da música.
Quase 100 anos cantando
Tinoco se cuidava e bebia muita água. Dizia que água faz bem para a pele. De fato, tinha o rosto rosado e praticamente sem rugas. “Vou cantar até os 100 anos”, costumava dizer.
Com cabeleira farta e bonita, fazia muito sucesso com as mulheres. Ele tinha dois filhos do primeiro casamento e um do segundo, além de dois adotivos, netos, bisnetos e um processo de reconhecimento de paternidade.
Nos últimos três anos, o cantor trabalhou para pagar dívidas de banco. Segundo seus planos, saldaria o restante até o fim de 2012 quando então, com 92 anos, deixaria de trabalhar por necessidade.

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