No nível da frase, temos elementos linguísticos que disparam pressupostos (palavras-gatilho), trata-se de verbos, advérbios, construções nominais e adjetivos. Foi isso que afirmamos em nosso post anterior com 3 requisitos para interpretar melhor. Num nível mais simples, podemos identificar informações importantes e nuances que contribuem significativamente na interpretação dos textos.
Vejamos, portanto, alguns exemplos que serão colocados a seguir.
Exemplo 1
- Mariana, o Josimar parou de vender contrabando do Paraguai?
- Ele vendia coisas do Paraguai?
O verbo "parar" pressupõe que "Josimar" outrora contrabandeava; na fofoca, é frequente o enunciador jogar como pressuposto o que o outro interlocutor não sabe; isso quando o pressuposto é verdadeiro.
Exemplo 2
Eufórico, o candidato disse a todos:
— O povo sabe que estamos investindo na saúde.
Um incrédulo, que ouvia o comício, gritou:
— Que saúde? A própria?
O verbo "saber" pressupõe que a afirmativa que vem a seguir seja realidade; em muitos casos não se trata de fatos verdadeiros, o que caracteriza a manipulação.
Exemplo 3
- Você também está namorando a Lili?
- Ela estava me traindo?
- Só você não sabia!
O advérbio "também" pressupõe que outros namoravam a Lili.
Em certas situações, o implícito pode assumir a forma de subentendido, o enunciador deixa no ar um implícito, que pode ser negado por ele mesmo. O exemplo a seguir foi extraído do vestibular do Enem.
Hagar deixa um implícito: o amigo tem uma visão equivocada, pois o mundo não poderia ser redondo, pois o que ele, Hagar, vê é uma superfície reta. A situação criada por Dick Browne não é muito diferente das situações cotidianas:
— O Rafa é lindo; não é, mãe?
- Você precisa usar óculos, minha filha.
A mãe não diz com todas as letras que o "Rafa" é feio, mas deixa um subentendido.
Quando o implícito não é pressuposto pelo interlocutor, o diálogo torna-se problemático, o entendimento da mensagem pode não ocorrer, o que é posto passa a ser ambíguo, pois o pressuposto não foi compreendido; os quadrinhos acabam explorando esse ruído na comunicação de forma humorada; veja o texto a seguir.
Hagar entende o implícito de forma equivocada: Helga fez a elipse de "Você quer, Você deseja...?"; Hagar. todavia, pressupôs "Você acha...?"
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