Eu adulo, tu adulas, ele adula, nós nos ferramos - crônica - Donald Malschitzky / Para refletir!


Quando esta crônica for publicada, a eleição já terá acontecido e saberemos quem se elegeu para o Legislativo, se haverá segundo turno no Executivo e quem disputará com quem no segundo. Também já teremos ficadovermelhos de vergonha alheia pelo número de votos que o Fidélix recebeu e, talvez, mais vermelhos ainda ao sabermos quem pediu seu apoio na tese de que voto é voto, não importa de onde venha. Em troca do apoio, quem sabe lhe prometam um ministério “de porteiras fechadas”.

Há tempos sou perseguido por uma dúvida que ninguém se habilita a esclarecer: por que os políticosnão se dedicam à carreira de comediantes no lugar de ficarem aí, correndo atrás de votos, usando terno e gravata, etc.? Faça um experimento: numa roda de amigos, de preferência que sejam ligados a um político específico, conte uma piada absolutamente sem graça e veja quem ri. Conte a mesma piada a um político e peça que ele a repita para o mesmo grupo que ouviu você. Um, ao menos, ficará com dor de barriga de tanto gargalhar, e nenhum deles se furtará, ao menos, a uma risada convincente. 

Observe uma foto de político e seus asseclas, assessores, seja o que for; ele rindo e todos ao redor, até os “Papagaios de Pirata”, no mesmo diapasão. Riem de quê? Viram passarinho verde? Comeram caqui maduro? Imagine esse político fazendo um “stand up show”. O local teria que ter tratamento acústico especial, tamanha a balbúrdia a cada piada contada. Ao Fidélix, bastaria entrar no palco para a plateia vir abaixo.

Ah! Eles são autoridades. Exatamente, escolhidos por nós e nossos representantes. Representam-nos ou a quem representam? Devemos respeito a eles, mas, muito mais, eles nos devem respeito. Ouvem-nos, ao menos? Ouvir, assim, de ouvir, diretamente e levar em consideração o que dizemos, mesmo que isso não dê votos ou prestígio?

Existem várias formas de corrupção,a adulação é a pior delas, e a mais vil. Ela leva seu alvo a julgar-se sempre muito acima do que verdadeiramente é, e a desprezar cada vez mais. Acaba com a dignidade do adulador e do adulado. 

Vamos aproveitar o momento e fazer uns “selfies” agora, com os eleitos sorrindo, cercados de amigos, apoiadores, etc.. Daqui a quatro anos, a gente volta e faz novamente para ver quem está com cada um deles. Todos sorrindo! Aí aproveitamos para dar uma olhada no País.

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