LÍNGUA / POEMA DE GILBERTO MENDONÇA TELES / ANÁLISE


A poesia “Língua”, de Gilberto Mendonça Teles, é uma poesia modernista, distribuída engenhosamente em versos e rimas livres, que trata da origem e evolução da língua portuguesa.

Inicia-se com a metáfora: “Esta língua é como um elástico que espicharam pelo mundo”, referindo-se ao dinamismo da língua, que se expande à medida que é levada para outros países.

Na segunda estrofe, “No início era tão densa / De tão clássica”, o poeta faz referência à normatividade da língua portuguesa assim que foi formada, tão cheia de regras, rude, sem elegância. Em seguida, ele acrescenta “Com o tempo foi amaciando”, ou seja, com o uso a língua passou a ser moldada pelos falantes, ganhando vida, “Incorporando os termos nativos”, como o poeta diz no verso seguinte, fazendo referência à inserção dos vocábulos indígenas, como também as outras línguas que se acoplaram no nosso idioma e “Amolecendo nas folhas de bananeiras / As expressões mais sisadas”, isto é, “deixando cair no esquecimento às expressões menos usadas na língua”.

O poeta enfatiza a expansão da língua portuguesa tanto no Brasil como em diversos países, tornando impossível substituir o idioma por outro, de tão familiarizado com seus falantes: “Um elástico que já não pode / Mais trocar, de tão gasto”. “Nem se arrebenta mais, de tão forte”, aludindo ao enorme número de falantes da Língua Portuguesa, razão que torna inviável e o rompimento entre a nação e a língua em que se fala.

O poeta encerra com a última estrofe, que diz “Um elástico assim como a vida / Que nunca volta ao ponto de partida”. Nesta estrofe, o poeta compara a flexibilidade da língua com a vida, que se modifica em função do tempo, mas que assim como ela, jamais pode retornar ao campo de origem.

Poema na íntegra:
Língua
Esta língua é como um elástico
que espicharam pelo mundo.
No início era tensa,
de tão clássica.

Com o tempo, se foi amaciando,
foi-se tornando romântica,
incorporando os termos nativos
e amolecendo nas folhas de bananeira
as expressões mais sisudas.

Um elástico que já não se pode
mais trocar, de tão gasto;
nem se arrebenta mais, de tão forte.

Um elástico assim como é a vida
que nunca volta ao ponto de partida.
INFOESCOLA

1 comentários:

Rosemary F. de Souza disse...

Professora Ode Martins, gostei da sua análise. Sou leitora dos poemas de Gilberto Mendonça Teles, sempre que encontro algum poema desse poeta, me delicio com seus versos. Parabéns pela análise.

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