VOLTAIRE - TRATADO SOBRE A TOLERÂNCIA / PARTE 2

     UM RELATO SOBRE A REFORMA DO SÉCULO XVI (cap.III)
"... em consequência  da Renascença das letras, as mentes começaram a se tornar um pouco mais esclarecidas e se puseram conjuntamente a se queixar dos abusos." (pg. 24)

"... se Jesus Cristo nunca havia exigido anatas, nem cobrado quintos das colheitas, nem tampouco vendido dispensações especiais para os atos deste mundo ou indulgências para o outro, eles podiam dispensar a si próprios de pagar a um príncipe estrangeiro o preço de todas essas coisas." (pg. 24)

"... que os heréticos, ao proporem a abolição desses impostos singulares, perante os quais a posteridade se enche de espanto, não estavam absolutamente causando um grande mal ao reino e que eram mais bons calculadores do que maus súditos." (pg. 25)

"... apesar de seus erros, nós lhe devemos o desenvolvimento do espírito humano, por tanto tempo amortalhado na mais espessa barbárie. (pg. 25)

"Há quem afirme que o humanismo, a indulgência e a liberdade de consciência são coisas horríveis; mas, falando de boa-fé, quando foi que produziram calamidades comparáveis?" (pg. 27)

SOBRE O PERIGO DA TOLERÂNCIA E POR QUAIS POVOS ELA É TRANSMITIDA (cap.IV)

"Alguns têm afirmado que, se usássemos de uma indulgência paternal com relação a nossos irmãos mal orientados que rezam a Deus em mau francês, seria o mesmo que lhes pôr armas nas mãos, ...Essa gente não se revolta quando lhes fazem o mal, porém é certo que se rebelarão quando lhes fizerem o bem." (pg. 28)

"A fúria que inspiram o espírito dogmático e o abuso da religião cristã mal compreendida já derramou sangue bastante; já produziu tantos desastres na Alemanha, na Inglaterra e até mesmo na Holanda quanto na França." (pg. 29)

" A filosofia, unicamente a filosofia, irmã da religião, desarmou as mãos que a superstição havia ensanguentado por tanto tempo; e o espírito humano, ao despertar de sua embriaguez, assombrou-se ante os excessos a que o havia lançado o fanatismo." (pg. 30)

"É verdade que o grande imperador Iungtching, talvez o mais sábio e mais magnânimo que jamais tenha surgido na China, expulsou os jesuítas, mas isso não se devia ao fato de que fosse intolerante; bem ao contrário, os jesuítas é que o eram." (pg. 32)

"Para ele, já foi o bastante ser informado das querelas indecentes que surgiram entre os jesuítas, os dominicanos,os capuchinhos e os padres seculares enviados desde o fim do mundo e suas províncias: eles vinham pregar a verdade e se anatematizavam uns aos outros." (pg. 32)

"... e basta o nome de sua cidade de Filadélfia, que lhes recorda a todo momento que os homens são irmãos, como um exemplo para envergonhar os povos que ainda não aprenderam a tolerância." (pg. 33)

"Para finalizar, a tolerância nunca provocou guerras civis; a intolerância cobriu a terra de morticínio." (pg. 34)

COMO A TOLERÂNCIA PODE SER ADMITIDA (CAP.)

"A Alemanha seria hoje um deserto coberto pelas ossadas de católicos, evangélicos, reformados e anabatistas, assassinados uns pelos outros, se a paz de de Vestfália não tivesse finalmente produzido a liberdade de consciência." (pg. 35)

"...Quanto mais seita houver, menos cada uma delas será perigosa; a multiplicidade   as enfraquece; ..., as injúrias e as sedições, e que são sempre mantidas em vigor pela força coerciva." (pg. 35)

"O melhor método de diminuir o número de maníacos, se é que existe,é o de deixar essa doença de espírito sob o controle da razão, que esclarece aos homens lentamente, mas de maneira infalível. A razão é doce, é humana, inspira a indulgência, abafa a discórdia, fortalece a virtude, torna agradável a obediência às leis,..." (pg. 36)

"O temor de uma excomunhão injusta não deve impedir alguém de cumprir seu dever." (pg. 37)

"Estamos, portanto,em um tempo de degustação, de saciedade ou, antes, em um período de razão que se pode abraçar como uma época e um penhor de tranquilidade pública. ... que os filhos expatriados retornem com modéstia para a casa de seu pai: a humanidade o exige, a razão o aconselha e a política não pode se assustar com isso." (pg. 37)

VOLTAIRE- TRATADO SOBRE A TOLERÂNCIA. TRADUÇÃO DE WILLIAM LAGOS. L&PM POCKET,2011.




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