MEUS NATAIS
José Fernandes
O meu Natal era, realmente, o nascimento
do Menino, encanto de meu pequeno mundo
que corcoveava o lombo das montanhas
e se perdia atrás da nuvem que lhes beijava
o silêncio, em que me perdia em esvaído eco.
O meu Natal era o sorriso Menino no fundo
da manjedoura encimado pelo anjo medroso
que fugia dos chifres do casal que espantava
o frio, deitado diante do mistério da estrela
de seis pontas que alumiava o claro enigma.
O meu Natal era o prodígio de velocípedes,
e triciclos alegres correndo pelas calçadas
e pelos desejos colocados em chinelo vazio,
aguardando um velhinho que, creio, pensava
sapatos inexistentes em minha janela pobre.
Em meu Natal, a lama espantava as renas
e o mau velhinho acostumados à cidade
de luzes burguesas desenhando tritrilhos
e caminhos que o trenó ignorava e temia,
com medo de perder-se da estrela guia.
Em meu Natal, a noite esticava-se no sempre
de todas as sombras, sem ceia e sem a árvore
presente no canto de alguma lembrança antiga,
e o almoço apenas trazia o sonho de assados
cheirados às calçadas, na viagem ao Presépio.
14-12-13
0 comentários:
Postar um comentário