Criada por povos indígenas norte-americanos, a Dança dos Espíritos é um movimento de caráter religioso que ficou conhecido em meados do século XIX. Em meio ao auge do processo de colonização dos Estados Unidos neste período, que gerava disputas de territórios e causava a morte dos nativos, a Dança dos Espíritos (Ghost Dance, em inglês) acreditava que a supremacia dos brancos terminaria e confiavam no retorno dos mortos. Apesar disso, não faziam uso da violência para que seus objetivos fossem conquistados.
Para os adeptos da seita, os homens brancos seriam derrotados de forma espontânea, pacífica e natural, sendo expulsos pelos espíritos dos mortos invocados pela dança tradicional do culto. Entre outros aspectos, a Dança dos Espíritos era contra o consumo de bebidas alcoólicas e condenava os furtos.
Os rituais protagonizados pelos praticantes deste movimento consistiam em danças cerimoniais que duravam cerca de cinco dias sequenciais, nos quais os índios, com seus corpos pintados, abraçavam-se pelos ombros e formavam círculos para cantar uma melodia de morte.
Apesar de ter se fixado na cultura dos Estados Unidos durante o século XIX, a Dança dos Espíritos tem origens mais antigas, tendo seu início com a formação das tribos choctaws, que acreditavam em uma religião que seguia os mesmos preceitos. Porém, a Dança dos Espíritos ganha sua configuração final após a revelação de Wowoka (1888), que difundiu a seita para várias outras tribos. A partir deste momento, os seguidores começam a acreditar na chegada de uma Nova Era em que o sofrimento acabaria. Neste aspecto, forma-se uma espécie de milenarismo, tema presente em diversas religiões.
O comandante da cerimônia de invocação dos espíritos era o Xamã. Quando conseguiam despertar os mortos, os movimentos de dança começavam a ficar mais rápidos, chegando-se a um estado de frenesi construído pelo cantar sequencial das harmonias e a constante agitação entre os envolvidos no rito.
A prática da Dança dos Espíritos é uma das manifestações culturais mais marcantes da cultura americana. Apesar de sua tradição ter sido mantida viva através dos séculos, não teve importância direta no contexto das lutas entre índios e brancos, sendo considerada uma manifestação de não-violência. Isso pode ser explicado por sua rejeição por parte da tribo navajo, que atualmente representa um dos maiores agrupamentos indígenas dos EUA. Além disso, as lideranças da Dança dos Espíritos não tiveram representatividade suficiente para uma imposição mais enfática do movimento.
Fontes:
SANGIRARDI, Júnior. Os índios e as plantas alucinógenas. Alhambra, 1983.
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