A OBRA
Joaquim Maria Machado de Assis é considerado um dos maiores autores da língua portuguesa. Para muitos, foi um fenômeno, já que, sendo pobre e mestiço, e vivendo numa sociedade escravagista, conseguiu se tornar um mestre da cultura brasileira. Carioca, trabalhou como colaborador em diversos jornais que publicaram grande parte de sua obra inicial. Aos 15 anos, publicou seu primeiro poema, "Ela". Da poesia ao conto, do romance à crônica e à crítica, a obra de Machado de Assis abrange todos os gêneros literários. Deixou livros marcantes, como "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "Quincas Borba", "Memorial de Aires", "Esaú e Jacó", "Dom Casmurro" e "Iaiá Garcia".
RELAÇÃO COM A POLÍTICA
Apesar da simpatia que tinha pelas causas liberais, Machado revelava certa reticência para a ação política direta, mantendo-se com habilidade, distante das lutas políticas. O autor nunca aderiu à causa republicana e interrompeu a carreira de colunista político para ser ajudante do diretor do Diário Oficial do Império. Com a vida estabilizada, cresceu no serviço público e teve sossego para escrever.
Em suas crônicas, Machado criticava as oligarquias e a monarquia, mas de forma alegórica. Para ele, a abolição da escravatura, não resolveria o problema dos negros. O escritor anteviu acontecimentos sociais e novidades tecnológicas do século XX, mas morreu sem presenciá-los, aos 69 anos, de câncer na boca.
DA BOEMIA AO CASAMENTO
Dos 15 aos 30 anos, foi boêmio e conquistador - um jornalista e poeta entusiasta da vida social e boêmia da cidade. Com pouco mais de 20 anos, Machado de Assis já conquistara certa fama. Tinha peças teatrais encenadas e era um crítico respeitado. Mas ainda estava longe de ser reconhecido como um dos maiores escritores brasileiros. Elegante, bem vestido e culto, tinha um grupo de amigos fiéis, quase todos poetas ou dramaturgos. Depois de anos frequentando teatros e namorando atrizes, arranjou um emprego estável no Diário Oficial do Império e casou-se, em 1869, com a portuguesa Carolina Xavier de Novais, irmã do poeta Faustino Xavier de Novaes, seu amigo. A estabilidade econômica e afetiva costuma ser apontada como um dos fatores determinantes para a evolução do autor.
LEGADO
A extensa obra de Machado de Assis inclui nove romances, 200 contos, uma dezena de peças de teatro, cinco coletâneas de poemas e milhares de crônicas. Em 1868, José de Alencar o considerou o maior crítico literário do Brasil. Em 1896, ao lado de dezenas de companheiros, Machado fundou a Academia Brasileira de Letras. A prefeitura do Rio de Janeiro declarou a obra do escritor como patrimônio cultural da cidade e tombou os imóveis onde ele viveu. Os livros de Machado já foram traduzidos para 14 idiomas.
OBRA
MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS
A obra mais importante de Machado de Assis foi desenvolvida como folhetim, de março a dezembro de 1880, na Revista Brasileira. No ano seguinte, foi publicado como livro. Considerada uma das mais inovadoras obras da literatura brasileira e um marco no início do Realismo no país, "Memórias Póstumas de Brás Cubas" - escrita em quatro meses, durante uma licença em Nova Friburgo, por causa de uma conjuntivite - revolucionou a literatura nacional.
O escritor retrata o Rio de Janeiro e sua época com pessimismo, ironia e indiferença. Brás Cubas é um homem rico e solteiro que resolve narrar sua própria vida depois de morto. Emite opiniões sem se preocupar com o julgamento que os vivos podem fazer dele. Da infância, registra o contato com o colega de escola Quincas Borba. Da juventude, resgata o envolvimento com a prostituta Marcela.
Depois de estudar na Europa, revela-se despreocupado e fútil. Envolve-se durante muitos anos com uma namorada da juventude casada com um político. Brás se aproxima de Nhã Loló, parenta de seu cunhado, mas o projeto de casamento é interrompido com a morte da moça. Até o fim da vida, Brás se dedica à carreira política, sem talento, e a ações beneficentes, que pratica sem paixão. Sem filhos, morre melancólico e pessimista.
DOM CASMURRO
A obra completa a "trilogia realista" ao lado de "Memórias Póstumas de Brás Cubas" e "Quincas Borba". O personagem principal, Bento Santiago, é um advogado solitário e bem-estabelecido, que torna-se o narrador da história e recebe a alcunha de "Dom Casmurro". Ele escreve sobre suas memórias da juventude à velhice, com detalhes de sua vida no seminário e de seu caso com Capitu. O ciúme por ela torna-se o enredo central da trama. O narrador desconfia que seu melhor amigo, Ezequiel de Sousa Escobar, e a esposa o traíam às escondidas. E passa a duvidar de sua própria paternidade.
QUINCAS BORBA
Seguindo Memórias Póstumas de Brás Cubas, o autor criticou os costumes e a filosofia de seu tempo com pessimismo e ironia. Escrito em terceira pessoa, conta a história de Rubião, ingênuo rapaz que torna-se discípulo e herdeiro do filósofo Quincas Borba. O personagem do livro anterior é enganado por seu amigo capitalista Cristiano e sua esposa Sofia, paixão de Rubião. O livro aborda temas como cientificismo e evolucionismo.
http://especial.g1.globo.com/globo-news/lendo-os-classicos/machado.html
0 comentários:
Postar um comentário