PRONOMES RELATIVOS / PARA PROFESSORES
Ainda hoje acho estranho quando alguns alunos se assustam com frases em que aparece o pronome relativo “cujo” e suas variações. Por isso mesmo resolvi escrever este que tratará de pronomes relativos e abordará o uso do dito cujo, ou melhor, do “cujo”.
Antes disso, uma pequena definição do que são os pronomes relativos.
Pronomes relativos são aqueles que se relacionam com um termo antecedente, dando início a uma oração, chamada adjetiva.
Vejamos alguns exemplos:
"Os homens são plantas que se secam antes de amadurecer." (que = pronome relativo; que se secam = oração adjetiva.)
"A vida é um cárcere, cuja chave é a morte." (cuja = pronome relativo; cuja chave é a morte = oração adjetiva.)
No primeiro exemplo, o pronome que se relaciona com o termo antecedente plantas (plantas que = plantas as quais); no segundo, o pronome cuja se relaciona com o termo antecedente cárcere (cárcere cuja chave = chave do cárcere), embora concorde com o consequente chave.
O pronome cujo faz que o nome antecedente sempre seja o ser possuidor; o nome consequente, o ser possuído.
Observação: Os pronomes relativos, assim como as conjunções, recebem o nome genérico de conetivos, porque são elementos de ligação.
PRINCIPAIS PRONOMES RELATIVOS
São estes os principais pronomes relativos:
Invariáveis — que, quem, onde, como, quando.
Variáveis — o qual, cujo, quanto (após os indefinidos tudo, todo e tanto)
Emprego de que e o qual
Que é o pronome relativo mais usado; só deve ser antecedido de preposição monossilábica e pode ser empregado em referência a pessoas ou coisas. Ex.:
Essa é a mulher que me amou perdidamente.
"Há uma idade em que a mulher gosta mais de ser namorada do que amada."
Sem e sob, embora preposições monossilábicas, usam-se de preferência com o qual (e variações). Ex.:
Foi ali que conheci uma pessoa sem a qual já não posso viver. Essa é a máscara sob a qual te escondes?
O qual (e variações) emprega-se:
a) para evitar duplo sentido. Ex.:
Não conheço o pai da garota o qual se acidentou.
Usássemos aí o relativo que, não saberíamos ao certo quem teria sofrido o acidente, se o pai ou a garota.
b) quando o antecedente se encontra distante. Ex.:
Esse foi o discurso pronunciado pelo deputado por Santa Catarina, o qual muita repercussão causou na Câmara.
O pronome relativo se refere a discurso, que se encontra a distância.
c) com palavras de duas ou mais sílabas. Ex.:
"Nunca está só quem possui um bom livro para ler e boas ideias sobre as quais meditar."
"A inveja é um mal contra o qual há poucos remédios."
"A felicidade é um sentimento para a qual todos apelam, quando já não há nenhuma possibilidade de alcançá-la."
São sagradas as imagens perante as quais nos ajoelhamos.
Conheci diversas pessoas, algumas das quais muito simpáticas.
Das preposições monossilábicas, apenas sem e sob exigem o qual.
Quem, no português contemporâneo, somente se refere a pessoas e sempre aparece antecedido da preposição a, no caso de o verbo ser transitivo direto. Ex.:
Esse é o papa a quem mais admiro, (a quem = obj. dir. preposicionado.)
Todos já conhecem a pessoa a quem amas. (a quem = obj. dir. preposicionado.)
Não sendo transitivo direto o verbo, o pronome aparecerá antecedido da preposição exigida pelo verbo ou pelo nome. Ex.:
Conheci uma pessoa por quem me enamorei, (por quem = objeto indireto.)
Conheci uma pessoa de quem fiquei enamorado, (de quem = complemento nominal.)
É denominado relativo indefinido quando aparece sem nome antecedente. Ex.:
"Quem não quer raciocinar é um fanático; quem não sabe raciocinar é um tolo; e quem ousa raciocinar é um escravo." (quem = sujeito).
"Não se odeia a quem se despreza; odeia-se a quem é julgado igual ou superior." (quem = sujeito)
Alguns preferem que tal pronome, para efeito de análise, seja decomposto em aquele que; outros acham melhor considerá-lo sujeito de uma oração justaposta, e esta é, a meu ver, a melhor opção.
Emprego dos demais pronomes relativos
Cujo sempre exprime posse e se refere a um nome antecedente (ser possuidor) e a um nome consequente (ser possuído, com o qual concorda em gênero e número). Ex.:
Existem pessoas cujos defeitos lhes ficam bem; e outras que são infelizes com suas boas qualidades.
Esta é a árvore cujas folhas caem inexplicavelmente.
As certidões, cuja inclusão no processo passou despercebida, eram falsas.
Equivale à preposição de, se invertida a ordem dos termos. Ex.:
as pessoas cujos defeitos = defeitos das pessoas;
a árvore cujas folhas = folhas da árvore;
as certidões cuja inclusão = a inclusão das certidões.
Não se usa artigo depois desse pronome (cujos os defeitos, cujas as folhas). Se o verbo ou o nome exigir preposição, esta aparece antes desse pronome. Ex.:
Essa é a escada por cujos degraus passou o rei.
Essa é a casa em cujas dependências se promoviam as bacanais.
Essa é a casa a cujos aposentos eles dão preferência.
Onde aparece com antecedente ou sem ele; neste último caso denomina-se relativo indefinido locativo, dando início a oração justaposta. Ex.:
Não conheço a cidade onde nasceu o presidente, (onde adjunto adverbial de nasceu.)
Onde entra o sol, não entra o médico, (onde entra o sol = oração justaposta locativa.)
Por onde eu viajar, qualquer reino que eu visitar, meu coração, que não viajou, volta-se apaixonadamente para você.
Pode aparecer antecedido de preposições, como se vê pelo último exemplo.
Quanto (ou variações) aparece após os indefinidos tanto (ou variações), todo (ou variações) e tudo. Ex.:
Nesta região há tanto ouro quanto você nem possa imaginar, (quanto = objeto direto de possa imaginar)
Bebia toda a água quanta lhe davam, (quanta = objeto direto de davam.)
O presidente parece ter-se esquecido de tudo quanto prometera, (quanto = objeto direto de prometera.)
Faço saber a todos quantos este edital virem ou dele tomarem conhecimento que... (quantos = sujeito de virem.)
Costuma ser omitido seu antecedente Ex.:
Nesta região há ouro quanto você nem possa imaginar.
Bebia água quanta lhe davam.
Como tem sempre as palavras modo, maneira ou forma como antecedente e equivale apelo qual (ou variações). Ex.:
Já acertamos o modo como haverei de lhe pagar. (como = adjunto adverbial de pagar)
Contaram-me a maneira como você se comportou na festa. (como = adjunto adverbial de comportou-se.)
Quando é pronome relativo sempre que tiver como antecedente um nome que dê ideia de tempo; nesse caso, equivale a em que. Ex.:
Afinal, era chegado o dia quando teríamos de resolver o caso. (quando = adjunto adverbial de resolver)
Bendita a hora quando você aqui apareceu! (quando = adjunto adverbial de apareceu.)
É isso, meus amigos. Não escrevi este artigo necessariamente para alunos e sim para professores que, nem sempre, têm acesso a outros exemplos e a particularidades da língua. Espero que tenham gostado.
Para praticar:
http://www.analisedetextos.com.br/2010/11/10-exercicios-praticos-sobre-uso-de.html
http://www.analisedetextos.com.br/2012/10/revisao-e-exercicios-sobre-pronomes.html
http://www.analisedetextos.com.br/2010/05/avaliacao-sobre-pronomes-pessoais.html
http://www.analisedetextos.com.br/2010/06/elementos-conectores-pronomes_8751.html
2 comentários:
na verdade queria saber como identificar o antecedente e o consequente em uma frase.voce poderia me ajudar?
Nao
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