VINHO
O sabor do vinho tinto pelas mãos
de Dionísio não me aplaca o desejo
de enrolar-me em tuas uvas maduras.
Nem o sol incendiado da meia noite
me devolve a calma dos dias vividos
sob a tua ardente vivenda de amores.
A energia que nos une ao passado
nos traz de presente esse momento,
rascunho das horas que o relâmpago
estoura dentro de mim e apaga o fogo
desse raio de suspense que se enrola
nas palavras que escorrem pelo verso
de nosso corpo inteiro passado a limpo.
Nesse momento, tudo que é nosso nos
pertence, porque nos encontramos naquele
estado da graça que nos prepara para outra
taça desse vinho que nos tinge de homem
e mulher, desde que Lilith devorou Eva
e a árvore que estilava veneno pelas folhas
entorpecidas por um mal, bem humano.
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