LEON TOLSTÓI / DOSTOIÉVSKI / TCHÉKHOV / GÓRKI / GOGOL / OS RUSSOS NA LITERATURA MUNDIAL


    Nicolai Vassilievitch Gogol (1809-1852) foi um vanguardista da literatura russa. Em São Petersburgo conheceu Puchkin, poeta e prosista que aderiu, com entusiasmo, ao romantismo, e que o influenciou notavelmente.
    Renovador e vanguardista, Nicolai Vassilievitch Gogol trouxe para a literatura russa o realismo fantástico e escreveu algumas obras-primas do conto universal. Os contos O capote – considerado por intelectuais como Jean-Paul Sartre como fundador da literatura moderna – e O retrato são algumas das peças mais líricas da vertiginosa obra de Gogol. Leia também O diário de um louco, ambientado em São Petersburgo, um conto que mistura realidade e sonho, e O nariz, uma farsa absurda e inquietante.


    O romancista e filósofo Leon Tolstói em (1828-1910) esforçou-se para descobrir e propagar verdades essenciais sobre a natureza da existência humana. Em sua juventude, frequentou a Universidade de Kazan, onde estudou línguas orientais e direito.
    Tolstói, profundo pensador social e moral e um dois mais eminentes autores da narrativa realista de todos os tempos, depois das suas primeiras obras – entre outras, as autobiográficas Infância (1852) e Contos de Sebastopol (1855-1856), baseado em suas experiências na guerra da Criméia –, escreveu Guerra e Paz (1865-1869) e Anna Karenina (1875-1877). Considerado um dos romances mais importantes da história da literatura universal e uma das obras-primas do realismo, Guerra e Paz é uma visão épica da sociedade russa entre 1805 e 1815. Dela emana uma filosofia extremamente otimista, que atravessa os horrores da guerra e a consciência dos erros da humanidade.
    Defendeu uma arte inspirada na moral, na qual o artista comunicaria os sentimentos e a consciência religiosa do povo. A partir de então, escreveu numerosos contos breves, sendo o mais conhecido A morte de Ivan Ilitch (1886). Outras obras de destaque são: A sonata de Kreutzer (1889) e seu último romance, Ressurreição (1899).
    Aos 82 anos, cada vez mais atormentado pelas contradições entre sua conduta moral e a riqueza material da sua família, e também devido aos constantes atritos com a esposa – que se opunha a desfazer-se de suas posses – Tolstói, acompanhado pelo seu médico e pela sua filha caçula, foi embora de casa no meio da noite. Três dias mais tarde, seu estado de saúde se agravou em decorrência de uma pneumonia. Morreu no dia 20 de novembro de 1910, em uma estação ferroviária.


    Em contraste com a atitude de Tolstói, a obra do grande romancista Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski (1821-1881) discorreu pelos terrenos do irracional, explorou as profundidades das experiências mais díspares e encontrou suas situações dramáticas nos extremos do comportamento humano, como o assassinato, a rebelião e a blasfêmia. 
   Durante anos, dedicou-se à tradução, incluindo a obra de Balzac, um autor que ele admirava. Em 1844 abandonou o exército e começou a escrever a novela Pobre gente, obra que recebeu uma crítica positiva no seu lançamento. Foi nesta época que contraiu dívidas e sofreu o primeiro ataque epilético. À primeira obra, seguiram-se Niétotchka Niezvânova (escrito entre 1846 e 1849), Noites brancas (1848), entre outras, que não tiveram a mesma acolhida da crítica.
    Engajou-se na luta da juventude democrática russa pelo combate ao regime autoritário do Tsar Nicolau I. Em abril de 1849 foi preso e condenado; em novembro do mesmo ano, acabou sentenciado à morte pela participação em atividades antigovernamentais junto a um grupo socialista. No dia 22 de dezembro, chegou a ser levado ao pátio com outros prisioneiros para o fuzilamento, mas, na última hora, teve a pena de morte substituída por cinco anos de trabalhos forçados na Sibéria, onde permaneceu até 1854.
    A experiência abalou profundamente o escritor, que iniciou o romance Memórias da casa dos mortos, publicado em 1862. Alguns anos antes, Dostoiévski conheceu María Dmítrievna Issáieva, viúva de um maestro, com quem se casou em 1857.
    Retornou a São Petersburgo em 1859, dedicando-se integralmente a escrever, produzindo seis longos romances, entre os quais suas obras-primas Crime e Castigo (1866), O idiota (1869) e Os irmãos Karamazóv (1880). É também dessa época a criação da revista Tempo, em cujo primeiro número apareceu parte de Humilhados e ofendidos, obra que também remete à sua experiência na Sibéria.
    Solitário, endividado e tendo que sustentar a família do irmão recém-falecido, o escritor ditou O jogador para a sua secretária, Anna Grigórievna, com quem se casaria. O livro é um sucesso e colabora para restabelecer suas finanças. Logo depois de publicar Crime e castigo, viajou com a nova mulher para Genebra onde nasceu a primeira filha que morreu logo em seguida. A partir de 1873, passou a editar a revista Diário de um escritor, na qual publicava histórias curtas, artigos sobre política e crítica literária.
    Em 1880 participou da inauguração do monumento a Aleksandr Pushkin, em Moscou. Na ocasião, pronunciou um memorável discurso sobre o destino da Rússia. No dia 8 de novembro do mesmo ano, em São Petersburgo terminou de redigir Os irmãos Karamazóv, em São Petersburgo. Morreu em fevereiro de 1881.


    Na obra do dramaturgo e contista Anton Pavlovich Tchékhov (1860-1904), o realismo em prosa alcançou grande refinamento.
    Na juventude, matriculou-se na Faculdade de Medicina da Universidade de Moscou, sustentando-se e ajudando a manter a família como colaborador em várias publicações periódicas, para as quais escrevia em rápida sucessão, historietas, crônicas, “cenas” e humores que que tinham de ser, por encomenda dos editores, breves, leves, “fáceis de ler” e descom­pro­­mis­sados.
    Entre 1885 e 1887, o escritor começou a deixar de lado o “trabalho apressado” e “miúdo” para dedicar seu enorme talento a uma “obra pensada”, de temática “séria”, da qual não mais se afastou e que iria revelar um dos maiores e mais importantes contistas e dramaturgos da era moderna, que acabaria influenciando o desenvolvimento da literatura e da dramaturgia de todo o mundo ocidental.
    Algumas das melhores obras de Tchékhov, tanto na literatura como no teatro, estão impregnadas de um sentido de tragédia silenciosa, numa atmosfera de tristeza difusa, às vezes revestida de ironia e até mesmo humor, até quando transmite uma sensação sufocante de falta de perspectiva, de “beco sem saída”, de fim de uma era.
    Tchékhov deixou obra extensa: centenas de contos, várias novelas, muitas cartas, uma imensa coleção de autênticas jóias literárias. E a sua obra como dramaturgo não é menos importante: muitas peças curtas, de um ato, a maioria cômicas e satíricas, e cinco obras-primas da dramaturgia ocidental: Ivanov, A gaivota, Tio Vónia, As três irmãs e O jardim das cerejeiras, verdadeiros “clássicos” constantemente representados no mundo inteiro.
    Outros escritores russos do final do século XIX agruparam-se em movimentos complexos, cuja característica foi a recusa dos valores estéticos e da prática literária da época imediatamente anterior. Este movimento inspirou o Ressurgimento, em torno da metade do século, de ideias e atitudes românticas e do Simbolismo francês em toda a Europa Ocidental.


    O romancista, dramaturgo e ensaísta Máximo Górki (1868-1936) realizou uma síntese literária pessoal a partir de suas experiências e é considerado o fundador do movimento denominado Realismo Socialista.
    Exerceu desde cedo inúmeras profissões, e sua juventude ficou marcada pela miséria. Na época, ligou-se a um grupo do movimento populista russo, porém não se mostrou muito inclinado à exaltação do mujique, característica do movimento.
    Em 1892, publicou na Geórgia o seu primeiro conto. Jornalista, escritor, secretário de um advogado, tais foram as ocupações que teve na época. Em março de 1898, saiu o seu primeiro livro de contos, rejeitado anteriormente por diversos editores, mas que teve êxito fora do comum.
    Escreveu ensaios, obras memorialísticas, romances, novelas e peças de teatro. Entre seus livros destacam-se os romances A mãe, Vida de um homem inútil, Vida de Matviéi Kojemiákin, O negócio dos Artamonov, Vida de Klim Sánguin e as peças teatrais Pequenos burgueses, Os inimigos, Vassa Jeléznova, O velho e Iegor Bulitchóv.
    Em Os inimigos, Górki opõe de um lado a classe intelectual russa e, de outro, o jovem proletariado com todas as suas virtudes e lutas.
( L&PM BLOG )






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