DESCULPA-ME, PAI! - RUBENIO MARCELO - POEMA



DESCULPA-ME, PAI!...

pai, 
será que me escutas 
ou pressentes o que sinto? 
será que onde estás 
recordas de mim? 
sou um dos teus filhos 
que guarda o teu rosto 
e a cópia fiel 
da cor dos teus olhos, 
o timbre da tua fala 
e o teu jeito de olhar. 
pai, 
será que recordas 
das noites perdidas 
dos risos achados 
bem de manhãzinha 
quando eu retornava 
e ouvia de ti: 
- ‘a tua mãezinha 
está sem dormir’. 
pai, 
perdi tantas horas, 
dias, meses, anos, 
sem nunca tentar 
saber dos teus planos, 
sequer dos teus sonhos
inacontecidos... 
Ah... e o que custaria 
eu ter estreitado 
o nosso diálogo 
no final das tardes
dos dias corridos?... 
pai, 
será que tudo passou 
e nada terei 
pra me responder? 
e tu nem verás 
que a cor dos teus olhos 
agora está vermelha... 
há sal no meu rosto 
e a cor dos teus cabelos 
em mim esmaeceu... 
pai, 
será que onde estás, 
em sã plenitude, 
há plenas condições 
de me conheceres 
e ainda sentarmos 
só para sorrir 
o que não sorrimos 
no tempo daqui!? 
Pai...


® Rubenio Marcelo
(em memória de meu pai)

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