PARADOXO - "É a antítese extremada em que duas ideias que se excluem são apresentadas como ocorrendo ao mesmo tempo e no mesmo contexto, o que gera uma situação impossível, uma ideia absurda."











Resposta:
A salada está sem sal, sem cheiro e sem sabor.




Resposta: 1. Angelical 2. Insossa 3. Têxtil 4. Vespertino 5. Etária 6. Gutural / estomacal 7. Pluviais 8. Filatélica 9. Vítreo 10. Docente

Parabéns, menino sorriso - crônica - Donald Malschitzky


E você completa um ano! Quantos anos de sentimento você completa? Sentimentos de quase uma multidão que seguiu todos os seus olhares, mesmo quando olhados por olhos pequeninos como os seus, muitas vezes por cima de tubos e bandagens. Sentimentos de quem o quer e o teve junto, respirando seu respirar e engasgando o coração a cada engasgada sua. 

Sentimentos de quem via seu sorriso, mesmo quando este dormia seu descanso, porque sorrisos também precisam descansar, pois, caso contrário, quando as crianças os procuram, eles estão tão cansados que quase não aparecem. Por isso se pintam tão pouco nas pessoas amargas, porque tentam,tentam, se esforçam, cansam e desistem, aí elas ficam com aquela cara de tristeza que só serve para deixar os outros tristes.

E você completa um ano! Mas não é um ano: são dias e dias, multiplicados pela intensidade dos acontecimentos, pelas apreensões e pelas alegrias que brotaram como aquelas flores teimosas que aparecem no meio de pedras pontiagudas sem que se saiba de onde tiram a energia que precisam para viver e florir.

Sabe aquelas pessoas bem velhas e que têm uma alegria para cada acontecimento? Elas não são assim alegres por bobeira, é que sabem que levar a vida a sério demais é perder tempo, mas, principalmente, como viveram muito, têm a certeza de que mesmo dentro de uma grande tristeza, há uma alegria escondida, basta achá-la. Não, ela não engana a tristeza, apenas vai ficando mais forte, às vezes tão forte que a gente descobre que a tristeza nem existe.

E você completa um ano! Nesse tempo, você passou por dores e pesares que muita gente não passará durante sua vida toda. Mas você está vivo, e sorrindo. Acredite, tem quem morre velhinho, velhinho e, se olhar para trás descobre que, em todos os seus dias vividos, não acumulou nem parte de todo amor depositado em seu coração durante esse ano. É que eles tiveram dias simplesmente vividos, mas não sentidos, aí vão sorrir de quê?

Desde quando você era apenas sopro, gente e mais gente se encontrou, deu de sua essência para que você pudesse ser entregue a pessoas que, com mãos mágicas, fossem ali, no seu coração fragilizado e lhe dessem mais vida para você festejar um ano, mais um ano e assim por diante. Lembre sempre deles, dos que doaram, dos que abençoaram, dos que deram alento ao seu coração e o ajudaram a sorrir. Eles também terão mais dias sentidos por causa de você.

Donald Malschitzky

Resposta:
1. afirmação
2. negação / lugar
3. tempo
4. lugar
5. tempo
6. modo
7. intensidade
8. causa
9. instrumento
10. meio
11. companhia
12. finalidade
13. concessão
14. assunto
15. condição


Dadas as ou Dadas às?

Segundo as regras que regem o emprego da crase, esse "as" só receberá o acento grave, quando for trocado por "aos", na substituição da palavra feminina posterior por masculina. 
Exemplo: Se aquelas roupas fossem dadas às atrizes que atuam no teatro gaúcho, ele ganharia em qualidade. (Se aquelas roupas fossem dadas aos atores que atuam no...)
No exemplo, o verbo DAR significa OFERECER. Mas, se o verbo dar significar CONSIDERAR, não haverá a troca por "aos", o que faz desaparecer o acento grave. 
Exemplo: Dadas as circunstâncias, o jogo foi finalizado.

https://www.facebook.com/atelie.texto?fref=nf

CASO ENCERRADO - NOTA


Nota da autora
“A mediocridade – pensou ele – não consiste em ser incapaz de escrever histórias, mas em ser incapaz de manter escondido aquilo que foi escrito.” (personagem Startsev em:Tchekov, Anton. Iônitch. In: Assassinato e outras histórias. São Paulo; Abril Cultural, 2010. p.145).Confesso que não foi fácil a decisão de publicar estes escritos por conta do medo de estar sendo medíocre. No entanto, o estímulo veio de Mario de Andrade, quando da leitura do artigo Conto e contistas acerca de discussão sobre o que é conto: “(...)em verdade sempre será conto aquilo que seu autor batizou como conto...”. Contos novos (publicação póstuma), Vestida de preto inicia com: “Tanto andam agora preocupados em definir conto que não sei bem se o que vou contar é conto, sei que é verdade”. (Andrade, 1999, p.19), atrevo-me a me apropriar de suas palavras para dizer que não sei se o que conto aqui é conto, todavia, aí estão as histórias cujas personagens e seus dramas são possíveis no mundo real. E estão a sua disposição, caro leitor, para seu deleite...ou não.

Odenilde Nogueira Martins nasceu em 05 de agosto,1957, em Palmitos - S.C.. É professora de Língua Portuguesa e Literatura, poetiza, contista e blogueira.
E-mail: prof.odenilde@hotmail.com
Blog: odemartins.blogspot.com.br


Liquidez

Ah! Me consome um cansaço destas gentes
Tão desfeitas na liquidez dos desafetos
E dos afetos que somem, magicamente,
Escorrendo em um diluir-se perverso,
Perdidas dos amores, dementes
Desencontradas na solidão do universo.

Transmutadas criaturas vazias, úteis objetos!
Esquecido de valores o homem
No emaranhado de transações,
Triste numerário despido,
Pelas batalhas do ter deflagradas
Tal qual espectro disforme
Dissipa-se do ser, vira nada!

Odenilde Nogueira Martins - 06/08/14

FUNÇÃO METALINGUÍSTICA


Parte integrante do modelo concebido por Roman Jackobson, a principal característica da função metalinguística é a preocupação com o código em uma determinada mensagem.
A função metalinguística ocorre quando utilizamos o código para falar dele próprio. Nesse tipo de mensagem, o foco é a palavra
A função metalinguística ocorre quando utilizamos o código para falar dele próprio. Nesse tipo de mensagem, o foco é a palavra.

A função metalinguística está entre as seis funções da linguagem (funções referencial, emotiva,poética, conativa e fática) concebidas pelo linguista russo Roman Jackobson. Cada uma das funções apresenta um papel específico para a comunicação e, de acordo com o contexto comunicacional, uma delas é empregada.

A principal característica da função metalinguística é o fato de a mensagem estar centrada no próprio código. Cada função tem um foco em um dos elementos da comunicação e, para a função metalinguística, nada é mais importante do que a própria palavra e seus desdobramentos. Nela, o código é utilizado para falar sobre o próprio código, explicando-o e analisando-o.

Nos textos verbais, o código é a língua. No dia a dia, recorremos com frequência à função metalinguística mesmo que intuitivamente. Quando questionamos nosso interlocutor sobre algo que não entendemos daquilo que ele nos falou, a resposta provavelmente será construída através de um texto metalinguístico. Nosso interlocutor retoma aquilo que disse, explicando-nos minuciosamente o conteúdo de sua mensagem.

Para Roman Jackobson, “todo processo de aprendizado da linguagem, particularmente a aquisição, pela criança, da língua materna, faz largo uso das operações metalinguísticas”. Quando a criança está na fase de aprender sobre os conceitos linguísticos, o tempo todo ela faz perguntas sobre o próprio código, buscando assim o seu entendimento. Os estudantes também estão em contato frequente com a metalinguagem, pois, quando estudamos, fazemos o exercício constante de elaborar conceitos e definições, tentando explicá-los com “nossas próprias palavras”.

A função metalinguística da linguagem está presente em diversos gêneros textuais, inclusive nas artes plásticas:
La clairvoyance, ou A perspicácia, de René Magritte. Autorretrato do artista pintando um pássaro, 1936
La clairvoyance, ou A perspicácia, de René Magritte. Autorretrato do artista pintando um pássaro, 1936
Observe um exemplo de função metalinguística nas histórias em quadrinhos ou tirinhas de humor:
A metalinguagem também pode estar presente nas tirinhas e nas histórias em quadrinhos
A metalinguagem também pode estar presente nas tirinhas e nas histórias em quadrinhos

Em poemas e outros gêneros textuais, como na crônica de Mario Quintana, na qual ele nos fala sobre o dicionário, temos um dos melhores exemplos da função metalinguística:

Dicionários

Embora o meu vocabulário seja voluntariamente pobre – uma espécie de Brasileiro Básico – a única leitura que jamais me cansa é a dos dicionários. Variados, sugestivos, atraentes, não são como os outros livros, que contam a mesma estopada do princípio ao fim. Meu trato com eles é puramente desinteressado; um modo disperso de estar atento... E esse meu vício é, antes de tudo, inócuo para o leitor.

Na minha adolescência, todo e qualquer escritor se presumia de estilista, e isso, na época, significava riqueza vocabular... Imagine-se o mal que deve ter causado a autores novos e inocentes o grande estilista Coelho Neto; grande infanticida, isto é o que ele foi.

Orgulhávamo-nos, como das nossas riquezas naturais, da opulência verbal de Rui Barbosa. O seu fraco, ou seu forte, eram os sinônimos. Recordo certa página em que ele esbanjou seus haveres com as pobres mulheres da vida, chamando-as de todos os nomes, menos um.

(QUINTANA, Mário. Caderno H. Porto Alegre: Globo, 1983. p. 176.)

A função metalinguística está presente nos dicionários, cujos verbetes explicam a própria palavra, no filme que tem por próprio tema o cinema, no poema que tem por tema o fazer literário, em uma peça de teatro que tem por tema o teatro e demais gêneros em que a linguagem está preocupada com o próprio código. A metalinguagem não tem o objetivo de significar por si, mas sim tem o objetivo de dizer o que o outro significa. Conhecer as funções da linguagem contribui para o entendimento de cada mensagem enunciada, seja em um contexto linguístico ou não.

http://www.portugues.com.br/redacao/funcao-metalinguistica.html

ACENTUAÇÃO


QUANTO À POSIÇÃO DA SÍLABA TÔNICA:

1. Acentuam-se as oxítonas terminadas em “A”, “E”, “O”, "ÊM", "ÉM", "ÊNS", seguidas ou não de “S”, inclusive as formas verbais quando seguidas de “LO(s)” ou “LA(s)”. Também recebem acento as oxítonas terminadas em ditongos abertos, como “ÉI”, “ÉU”, “ÓI”, seguidos ou não de “S”
Ex.
CháMêsnós
GásSapécipó
DaráCaféavós
ParáVocêscompôs
vatapápontapés
Aliásportuguêsrobô
dá-lovê-loavó
recuperá-losConhecê-lospô-los
guardá-lacompô-los
réis (moeda)Véudói
méiscéumói
pastéisChapéusanzóis
ninguémparabénsJerusalém

Resumindo:
Só não acentuamos oxítonas terminadas em “I” ou “U”, a não ser que seja um caso de hiato. Por exemplo: as palavras “baú”, “aí”, “Esaú” e “atraí-lo” são acentuadas porque as vogais “i” e “u” estão tônicas nestas palavras.

2. Acentuamos as palavras paroxítonas quando terminadas em:
L – afável, fácil, cônsul, desejável, ágil, incrível.
N – pólen, abdômen, sêmen, abdômen.
R – câncer, caráter, néctar, repórter.
X­ – tórax, látex, ônix, fênix.
PS – fórceps, Quéops, bíceps.
Ã(S) – ímã, órfãs, ímãs, Bálcãs.
ÃO(S) – órgão, bênção, sótão, órfão.
I(S) – júri, táxi, lápis, grátis, oásis, miosótis.
ON(S) – náilon, próton, elétrons, cânon.
UM(S) – álbum, fórum, médium, álbuns.
US – ânus, bônus, vírus, Vênus.

Também acentuamos as paroxítonas terminadas em ditongos crescentes (semivogal+vogal):
Névoa, infância, tênue, calvície, série, polícia, residência, férias, lírio.

3. Todas as proparoxítonas são acentuadas.

Ex. México, música, mágico, lâmpada, pálido, pálido, sândalo, crisântemo, público, pároco, proparoxítona.

QUANTO À CLASSIFICAÇÃO DOS ENCONTROS VOCÁLICOS

4. Acentuamos as vogais “I” e “U” dos hiatos, quando:
Formarem sílabas sozinhos ou com “S”

Ex. Ju-í-zo, Lu-ís, ca-fe-í-na, ra-í-zes, sa-í-da, e-go-ís-ta.

IMPORTANTE

Por que não acentuamos “ba-i-nha”, “fei-u-ra”, “ru-im”, “ca-ir”, “Ra-ul”, se todos são “i” e “u” tônicas, portanto hiatos?

Porque o “i” tônico de “bainha” vem seguido de NH. O “u” e o “i” tônicos de “ruim”, “cair” e “Raul” formam sílabas com “m”, “r” e “l” respectivamente. Essas consoantes já soam forte por natureza, tornando naturalmente a sílaba “tônica”, sem precisar de acento que reforce isso.

5. Trema

Não se usa mais o trema em palavras da língua portuguesa. Ele só vai permanecer em nomes próprios e seus derivados, de origem estrangeira, como Bündchen, Müller, mülleriano (neste caso, o “ü” lê-se “i”)

6. Acento Diferencial

O acento diferencial permanece nas palavras:

pôde (passado), pode (presente)
pôr (verbo), por (preposição)

Nas formas verbais, cuja finalidade é determinar se a 3ª pessoa do verbo está no singular ou plural:
SINGULARPLURAL
Ele temEles têm
Ele vemEles vêm

Essa regra se aplica a todos os verbos derivados de “ter” e “vir”, como: conter, manter, intervir, deter, sobrevir, reter, etc.

Poe, o inventor da modernidade
Autor: Edgar Allan Poe - Tradução: Guilherme da Silva Braga - Organização: Guilherme da Silva Braga

Ao escrever recentemente sobre a modernidade de Baudelaire — “Por que Baudelaire é moderno?” —, dei como uma das respostas seu contato precoce com a obra de Poe. A razão fica evidente se se lembra da conhecida taxonomia criativa de Ezra Pound: os artistas se dividem em inventores (que criam novas obras & novas formas de expressão ou revolucionam as antigas), mestres (que utilizam da maneira mais potente as inovações dos inventores) e diluidores (que diluem essas inovações). Poe foi um inventor por excelência. Em consequência, foi um dos precursores de todos os modernismos.

Poe inventou, em primeiro lugar, a poesia moderna, não quanto à sua sintaxe, mas quanto à sua concepção. Dito de outro modo: ele tirou de cena qualquer resquício do eu lírico romântico, ao mesmo tempo “inspirado” e “sincero” (e “sincero” porque “inspirado” — pela “verdade profunda” de sua “alma”, de que a poesia, aliás, seria a porta exclusiva), e pôs em seu lugar o eu lírico moderno, ao mesmo tempo lúcido e desiludido (e lúcido porque desiludido: des-ilusão é o contrário de ilusão). Em um dos textos fundadores da modernidade, “The philosophy of composition” [“A filosofia da composição” (1846)], Poe descreve a construção do poema “The raven” [“O corvo”]. Em si já seria inovador, além de surpreendente. Muito mais surpreendente (além de inovador) foi o método de sua construção. Ou seja, o fato de que o poema foi construído, e não simplesmente escrito. Em resumo, Poe descreve como começou o poema pelo final, para conduzir e condizer a cena convergentemente até ele, e como começou a realização desse final pela escolha de um som, o ô fechado, por ele considerado, entre outras coisas, o mais “escuro”, o que então o levaria à palavra cujo sentido melhor o traduzisse, o ominoso nevermore (“nunca mais”). Tudo o mais que compõe o poema derivou destas duas escolhas iniciais (na verdade, finais, pois o poema deveria terminar/culminar em tal palavra), como uma cebola construída, camada a camada, desde o centro.

A “mágica” da “inspiração” romântica estava morta. A poesia moderna seria construtivista ou não seria (mesmo os anticonstrutivistas iriam ser inevitavelmente referidos a este termo e a esta condição).

Além do lirismo construtivista moderno, Poe também inventou dois dos gêneros dominantes da prosa contemporânea: a literatura policial e a moderna literatura de horror.

Arthur Conan Doyle e seu Sherlock Holmes, Georges Simenon e seu Jules Maigret, Agatha Christie e seu Hercule Poirot, para registrar apenas os mais famosos descendentes de Poe, não existiriam sem seu Arsène Lupin de “The Murders in the Rue Morgue” [“Os Assassinatos da Rua Morgue” (1841)] — aliás modernissimamente baseados em uma série de reportagens policiais.

Assim como a literatura policial, a moderna literatura de horror (apesar de alguns praticantes ocasionais do final do século XVIII e da primeira metade do XIX, e de fábulas medievais como a do Gólem de Praga) é igualmente uma criação de Poe — Bram Stoker, por exemplo, só publicaria seu Drácula em 1897, meio século depois dele. Esse gênero, que encontraria dois de seus maiores praticantes em H.P. Lovecraft (discípulo assumido de Poe) e em Stephen King (idem), caracteriza-se pelo protagonismo do medo em si, daí seu viés psicológico ou “metafísico”. Não se trata mais, como nas fábulas medievais coligidas pelos irmãos Grimm, de haver um gigante assustador no fim do pé de feijão — mas sim do medo de que haja ou possa haver algo assustador no fim do corredor, no fundo do mar ou em qualquer lugar, ganhar suficiência e se tornar ele próprio, o medo, o monstro maior.

Se, para voltar a Ezra Pound, os artistas são “as antenas da raça”, Poe, na metade do século XIX, pressentiu o terror por vir no século seguinte. Kafka também, de alguma forma, descende de Poe.

Todos os principais contos desse novo terror moderno psicometafísico ou coisa parecida de Edgar Allan Poe (“O gato preto”, “O barril de Amontillado”, “O baile da morte vermelha”, “O retrato oval”, “O demônio da obstinação”, “Descida ao Maelström” e, naturalmente, a obra seminal do gênero, “A queda da casa de Usher”), em tradução direta, estão agora ao alcance da mão — como a causa do medo jamais estará novamente.

Luis Dolhnikoff, editor
Fonte:https://hedra.com.br/blog/poe-o-inventor-da-modernidade

VIRGÍNIA WOLF - PARTE 3


O leitor pode ler mais sobre o assunto na admirável biografia de James Joyce escrita pelo americano Richard Ellmann. “Os Woolfs disseram-lhe (à emissária de Joyce) que não poderiam imprimir (‘Ulysses’) porque levaria dois anos na sua impressora manual, embora dissessem que estavam muito interessados nos quatro primeiros episódios que leram. Na verdade parecem tê-lo considerado ‘vulgar’, embora Katherine Mansfield, que deu uma olhada no manuscrito certo dia enquanto os visitara, tenha começado ridicularizando-o e depois de repente tenha dito: ‘Mas há qualquer coisa nisso: uma cena que deveria figurar, suponho, na história da literatura’.”

A história de Virginia Woolf escritora é tão interessante como a de Virginia Woolf editora. T.S. Eliot foi amigo de Virginia e a Hogarth Press editou seus primeiros poemas e o mais famoso, “A Terra Estéril”. Virginia tentou tirar T.S. Eliot do emprego em um banco. Mas não conseguiu. Mais tarde, ficou irada porque Eliot se tornou editor de uma casa rival, The Criterion.

Em 1919, Virginia publica “Noite e Dia”. A crítica não gostou. E.M. Forster (1879-1970) e Katherine Mansfield (1888-1923) odiaram. Mas Forster, amigo, foi elegante e discreto. Disse que o livro não era melhor que “The Voyage Out”. (Forster mais tarde ficou chateado com algumas críticas ferinas de Virginia.) Mansfield foi dura: “Noite e Dia” era “uma mentira da alma. Falando sobre esnobismo intelectual — o livro dela fede a isso. (Mas não posso dizê-lo.) É muito longo e cansativo”. Virginia, que não sabia assimilar criticas, ficou abalada.

Mas Virginia se curava dos petardos da crítica de um modo extraordinário: no lugar de ficar bloqueada, produzia mais, e melhor. Se o romance anterior fosse considerado ruim, até pelos amigos que adorava, como Forster, procurava escrever outro melhor, mais inventivo. Foi o que o ocorreu depois de “Noite e Dia”. Em 1922, publicou pela Hogarth Press “O Quarto de Jacob”. T.S. Eliot festejou: “Você se libertou de qualquer compromisso com o romance tradicional e seu talento original. Parece-me que construiu uma ponte sobre certa lacuna que existia entre seus outros romances e a prosa experimental de ‘Monday or tuesday’, conseguindo um sucesso notável”.

Duckworth group, 1892

“O Quarto de Jacob”, para Quentin Bell, marca o inicio de sua maturidade e fama. Em 1925 Virginia publicou “Mrs. Dalloway”, que agradou à crítica. Forster elogiou “Mrs. Dolloway”. Thomas Hardy leu “The Commom Reader” com prazer. Virginia ficou maravilhada.

Entre 1925 e 1928, Virginia lança “Passeio ao Farol” e concebe “As Ondas”. Nesse período ela conhece Vita, a sua grande paixão. Vita era lésbica, mas casada, como Virginia. Quentin Bell é discreto e diz pouco sobre o assunto. Tudo indica que as duas não chegaram a ter um caso no sentido moderníssimo. Vita escreveu para Virginia: Você gosta mais das pessoas pelo cérebro do que pelo coração. Fosse hoje, o texto de Vita teria acréscimo: Você gosta mais das pessoas pelo cérebro do que pelo coração e pelo corpo.

Na verdade, Virginia era de uma carência extremada e todo mundo que lhe dava atenção recebia alguma esperança, de sexo ou afeto. Só que, afeto, tudo bem, sexo, nada. Pelo menos, a se acreditar na versão do sobrinho.

Quem leu “Orlando” sabe que Vita é Orlando. Para Quentin Bell, Orlando é o único dos romances de Virginia que se aproxima da emoção sexual, ou antes, homossexual; pois, enquanto o herói/heroína sofre uma transformação física, sendo no começo um esplêndido jovem e depois uma linda dama, a metamorfose psicológica é muito menos completa. O livro vendeu bem. Mas Orlando, sabia Virginia, não era um grande livro. Julgamento que os leitores de hoje não partilham, sobretudo por que as questões sexuais se tornaram mais importantes, na avaliação do romance, do que as literárias.

Em 1931, Virginia, a mulher que adorava charutos, publica “As Ondas”, para os críticos, sua obra-prima. Leonard Woolf, que sempre opinava, criticamente, sobre os livros de Virginia, disse: O livro é uma obra-prima, a melhor das suas obras. Ela adorou. Leonard era suspeito, até por que conhecia a fragilidade emocional de Virginia, mas era, ao mesmo tempo, prudente, justo e rigoroso.

O indefectível E. M. Forster escreveu que encontrara um clássico. A opinião dele era muito respeitada por Virginia. Um tinha inveja do outro. Mas, éticos, respeitavam as diferenças entre suas obras. Virginia gostava de conversar sobre homossexualismo com Forster, que adorava rapazes.

Virginia não gostava da crítica acadêmica, que achava estéril. Talvez fosse uma vingança por não ter obtido educação universitária. Talvez fosse pela percepção de que, como denuncia Gore Vidal, muitos teóricos da literatura querem substituir a literatura pela teoria literária.

Quentin Bell registra um aspecto curioso: Virginia adorava mexericos, fofoca, e dizia o que pensava, não importando as consequências. Outra coisa curiosa: como Joyce e outras, ela aproveitou a história de sua família e as relações com os amigos nos seus romances. Vida e obra, estetizadas, estão ligadíssimas e indissociáveis em Virginia. Mas é óbvio que a escritora não escreve biografias literárias e, claro, tinha uma imaginação poderosa.

Na década de 30, alguns críticos atacam Virginia, deixando-a desequilibrada emocionalmente. O mais virulento, Wyndham Lewis, escreve: Ela é sobremodo insignificante. Ninguém mais a leva a sério. Os críticos de esquerda não atacavam Virginia. Stephen Spender e Cecil Day-Lewis (pai de Daniel Day-Lewis, ator de “A Insustentável Leveza do Ser” e “Meu Pé Esquerdo”) gostavam de sua obra.

Em 1937, Virgínia pública “Os Anos” e sente a loucura chegando. Leonard achou o livro ruim, mas ficou calado, ou melhor, temendo que Virginia se matasse, mentiu: Acho que é extraordinariamente bom. Virginia sabia que o livro era ruim. O economista Keynes gostou do livro, de forma irrestrita. Em 1939, Virginia foi ver Freud, que estava exilado em Londres. Ele teria impressionado Virginia como um homem alerta. Mas torto encarquilhado muito velho e a velha chama agora bruxuleante. Freud disse a Virginia e Leonard que seria necessária uma geração para eliminar aquele veneno [o nazismo de Hitler].

Por causa da Segunda Guerra Mundial, Leonard e Virginia Woolf chegaram a pensar em suicídio. Obtiveram até uma dose letal de morfina. Mas, com Londres bombardeada, Virginia deixou de falar em suicídio. Numa carta a Ethel Smyth, escreveu: … o que tocou e na verdade feriu o meu coração em Londres [durante os bombardeios dos nazistas] foi aquela velha mulher, suja de fuligem nos aposentos dos fundos, preparando-se, depois de um ataque aéreo, para enfrentar o próximo… E também a paixão da minha vida, a cidade de Londres — ver Londres em escombros, isso também atingiu meu coração.

No início de 1941, Virginia estava desesperada, louca. Mesmo assim tentou convencer a médica Octavia Wilberforce, uma amiga, de que não estava doente mentalmente. Mas confessou partes de seus medos. Medos de que o passado voltaria, de que nunca mais conseguiria escrever.

É triste e pungente como Quentin Bell fala do fim de sua tia escritora: Na manhã de sexta-feira, 28 de março, um dia claro, luminoso e frio, Virginia foi como de costume ao seu estúdio no jardim. Lá, escreveu duas cartas, uma para Leonard e outra para Vanessa — as duas pessoas que mais amava. Nas duas cartas explicava que vinha ouvindo vozes e acreditava que nunca mais ficaria boa; não podia continuar estragando a vida de Leonard. Ela colocou o bilhete sobre a lareira da sala de estar, e cerca de 11h30 esgueirou-se para fora, levando sua bengala de passeio; e atravessou os prados até o rio. Leonard acreditava que ela já havia feito uma tentativa para se afogar: assim, teria aprendido com o fracasso, e estava decidida a não falhar de novo. Deixando a bengala na margem, ela esforçou-se para pôr uma grande pedra no bolso do casaco. Depois encaminhou-se para a morte, ‘a única experiência’, dissera um dia a Vita, ‘que nunca descreverei’.
Última carta a Leonard Woolf

Leonard e Virginia Woolf

Querido, tenho certeza de que estou enlouquecendo de novo. Sinto que não podemos passar por outra daquelas terríveis fases. E desta vez não ficarei curada. Começo a ouvir vozes, e não posso me concentrar. Assim, estou fazendo o que me parece melhor. Você me deu a maior felicidade possível. Não creio que duas pessoas pudessem ser mais felizes até chegar esta doença terrível. Não consigo mais lutar. Sei que estou estragando a sua vida e que sem mim você poderá trabalhar. E você vai, eu sei. Está vendo, nem consigo mais escrever adequadamente.

Não consigo ler. O que quero dizer é que devo a você toda a felicidade da minha vida. Você foi absolutamente paciente comigo e incrivelmente bom. Quero dizer isso — e todo mundo sabe. Se alguém pudesse me salvar, teria sido você. Perdi tudo, menos a certeza da sua bondade. Não posso mais continuar estragando sua vida. Não creio que duas pessoas tenham sido mais felizes do que nós fomos.

http://www.revistabula.com/2229-virginia-woolf-tentou-curar-sua-loucura-pelo-suicidio/

Virgínia Woolf - parte 2



Julia Stephen e Virginia Woolf, aos 2 anos
Julia Stephen e Virginia Woolf, aos 2 anos

As reuniões de Bloomsbury ajudaram imensamente na formação da “inculta” Virginia. Os participantes eram intelectuais, alguns em formação e, outros, com alto preparo. Ela absorvia, “antenada” e “babando”, tudo que eles falavam ou sugeriam. Mas a morte de Thoby, o irmão e amigo adoradíssimo, bagunça a família Stephen, que nunca fora muito ajustada. Vanessa, desesperada, se casa com o garanhão come-tudo Clive Bell. Virginia não gostou do casamento. No início. Ela e Adrian, o mais moço dos irmãos e o mais atrapalhado, vão morar juntos.

Os amigos e parentes declaram: “Virginia precisa casar”. Queriam arrumar uma pessoa para cuidar da “incuidável” Virginia. Irritada, Virginia escreveu à amiga Violet: “Eu queria que todo mundo não me ficasse repetindo que devo casar. Será uma irrupção da rude natureza humana? Eu acho repulsivo”. Apesar de sua ira, os amigos e parentes continuaram insistindo para que ela se casasse.

Entre 1907 e 1908, Virginia começa a escrever “Melymbrosia”, mais tarde publicado como “The Voyage Out” (este primeiro romance de Virginia foi editado no Brasil sob o título de “A Viagem”). Exigente, Virginia queimou sete versões de “The Voyage Out”. Ela não publicou ficção até os 33 anos.

“Seu laconismo literário era em parte resultado de timidez; ainda ficava aterrorizada com o mundo, aterrorizada de se expor. Mas unia-se a isso outra emoção, mais nobre — um alto conceito de seriedade de sua própria profissão. Para produzir algo que atingisse seus critérios particulares, era necessário ler vorazmente, escrever e reescrever continuamente, e, sem dúvida, se não estava escrevendo na hora, agitar as ideias que expressava em sua mente”, nota Quentin Bell.

No plano afetivo, a vida de Virginia continuava difícil. Lytton Strachey quis se casar com ela, mas não deu certo. Outro amigo de Virginia, o competente e célebre economista John Maynard Keynes, embora tenha se casado com uma bailarina, também era sodomita (palavra bastante usada por Quentin Bell). Keynes morou na casa de Virginia e Adrian.

Em 1912, Leonard Woolf e Virginia se casam. Leonard se apaixonou por Virginia. Doce e perdidamente. O casamento foi um grande “negócio” para Virginia. A união com Leonard aumentou o seu equilíbrio emocional e a sua segurança como escritora. O curioso é que a família Stephen não avisou Leonard dos problemas de saúde de Virginia. Tudo indica que a família procurou esconder que Virginia era “meio louca” com medo que Leonard desistisse do casamento. O casamento não agradou Clive Bell. Clive andou tirando umas casquinhas de Virginia. Mas sossegue: o vigoroso marido de Vanessa não conseguiu papar Virginia. Só tirou casquinhas. Virginia, diga-se, gostava do atrevimento de Clive.

Leonard adorava Virginia, sua capacidade intelectual, e não se preocupava com a frigidez sexual dela. Quentin Bell, um biógrafo às vezes discreto, sugere que Virginia “considerava o sexo não tanto com horror, mas com incompreensão; havia em sua personalidade e em sua arte uma qualidade estranhamente etérea, e, quando as necessidades literárias a compeliam a considerar o prazer sexual, ela se afastava ou nos revelava algo tão distante de bolinas e empolgações quanto a chama de uma vela é distante de seu sebo”.

Virginia conclui “The Voyage Out” e o entrega à editora. Doente, pensa que a libertação (a cura) está no suicídio. Toma 6,5 gramas de veronal e quase morre. Quentin Bell registra que até 1913, data da tentativa de suicídio, Freud era pouco conhecido na Inglaterra. “Ernest Jones começou a praticar em Londres em 1913”, informa Quentin. Virginia não se interessava muito por Freud. Mas Leonard achava que o conhecimento das ideias de Freud poderia ser útil no seu tratamento.

“The Voyage Out” foi publicado em março de 1915. Os amigos de Virginia e a crítica gostaram. Edward Morgan Forster (autor de “Passagem Para a Índia”, mais conhecido no Brasil pelo bom filme de David Lean), que também era gay renitente, elogiou o livro de Virginia no “Daily News”: “Eis finalmente um livro que chega ao mesmo patamar de ‘O Morro dos Ventos Uivantes’, embora por um caminho diferente”. A critica era esperada ansiosamente por Virginia. Queria ver se seu talento era confirmado.

“Virginia”, escreve Quentin Bell, “estava sempre imaginando que, para o mundo exterior, [seus romances] pudessem parecer simplesmente doidos ou, pior ainda, fossem realmente doidos, seu horror à zombaria rude do mundo continha o medo mais profundo de que sua arte, e por isso ela mesma, fosse uma espécie de impostura, um sonho imbecil sem valor para os outros. Por isso, para ela, uma nota favorável valia mais que o mero elogio; era uma espécie de certificado de sua sanidade mental”.

“O problema”, continua Quentin, “deve estar presente quando pensamos em sua extrema sensibilidade à crítica, uma sensibilidade que podemos considerar mórbida e que realmente, em certo sentido, era mórbida, pois nascia de um estado enfermiço. Os ataques e acoites da crítica, que seriam facilmente enfrentados por um organismo mais robusto, no caso dela podiam reabrir feridas que jamais se tinham curado inteiramente e que nunca deixariam ser muitíssimo delicadas”.

Quentin Bell nota que a saúde de Virginia melhorou em 1915 por causa das criticas favoráveis. Virginia, temendo a crítica, escreveu: “Imagine acordar e descobrir que se é uma fraude. Esse horror era parte da minha loucura”.

Em 1917, um tanto ranzinza mas admirada, Virginia escreveu à adorada e protetora irmã Vanessa: “Tive um breve encontro com Katherine Mansfield; que me parece um caráter desagradável mas enérgico e absolutamente inescrupuloso”.

Quentin Bell explica bem: “Elas [Virginia e Mansfield] sempre tendiam a discordar, mas na verdade nunca discordariam. Unidas pela devoção à literatura e divididas na sua rivalidade como escritoras, achavam uma à outra sobremodo atraentes, mas muito irritantes. Ou pelo menos eram esses os sentimentos de Virginia. Ela admirava Mansfield; também estava fascinada por aquele lado da vida de Katherine que ficava além da sua própria capacidade emocional”.

Talland House, a casa da família

“Katherine”, revela Quentin, “andara pelo mundo, ficara magoada; dera vazão a todos os instintos da fêmea, dormira com todo tipo de homens; tornara-se objeto de admiração — e piedade. Era interessante, vulnerável, talentosa, encantadora. Mas também se vestia e se portava como uma prostituta. Penso que Katherine Mansfield retribuía a admiração de Virginia e também sua animosidade. Virginia com certeza apreciava bastante o talento de Katherine, a ponto de querer editar um de seus contos”.

É provável que Virginia tenha lançado um olhar masculino em Katherine Mansfield. O homem em geral deprecia a mulher inteligente e diferente, mas também a cobiça sexualmente. Outra coisa: Virginia não gostava de elogiar escritores vivos. Só deu importância a D.H. Lawrence, o autor de “Mulheres Apaixonadas”, depois que ele morreu. Os vivos eram seus concorrentes.

Junto com Leonard Woolf, Virginia foi dona da Hogarth Press, que editou grandes escritores e poetas, como Katherine Mansfield e T.S. Eliot, além do psicanalista Freud. Quentin Bell e os outros biógrafos revelam algo curioso: Virginia escrevia um romance vigoroso (como “As Ondas”) e, em seguida, um romance mais leve e fácil (como “Os Anos”). Parece que tal artifício visava tranquilizar os seus nervos e, ao mesmo tempo, testar novos caminhos para o romance. “O romance peso-pesado é sucedido por um livro peso-pluma — que ela chamava uma piada”, só que Quentin Bell não acha que “Noite e Dia” seja uma piada. Não acha o livro bom. Mas não concorda que seja totalmente ruim.

O manuscrito de “Ulysses”, de James Joyce, foi oferecido à editora de Virginia, que não pôde ou não quis publicá-lo. Quentin Bell tenta explicar: “Era uma obra que Virginia não podia rejeitar nem aceitar. O poder e a sutileza da obra eram evidentes o bastante para despertar a admiração dela e, sem dúvida, inveja. Parecia-lhe ter uma espécie de beleza, mas também um brilho rude, arguto, de sala de fumantes. Joyce usava instrumentos parecidos com os dela, e isso era doloroso, pois era como se a pena, sua própria pena, tivesse sido arrancada de suas mãos e alguém rabiscasse com ela a palavra foda no assento de um vaso sanitário”.

Virginia “também sentia”, segundo Quentin, “que Joyce escrevia para um pequeno grupo, e, quando se refere a ele, escreve ‘essa gente’ — como se o classificasse tal qual Ezra Pound e não sei que outras figuras do ‘submundo’. A reação dela talvez seja significativa; a rudeza gratuita e impudente de Joyce fazia-a sentir-se, súbito, desesperadamente ‘uma dama’. Mesmo assim foi perspicaz o bastante para ver que era algo digno de ser publicado; era claro, também, que estava absolutamente além da capacidade técnica da Hogarth Press”. Para mim, era o lado mundano de Joyce que não agradava Virginia. Ao contrário de Joyce e de Proust, não sacava muito do lado “sujo” da vida.



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VIRGÍNIA WOOLF - PARTE 1


VIRGINIA WOOLF TENTOU ‘CURAR’ SUA LOUCURA PELO SUICÍDIO 

Na manhã de sexta-feira, 28 de março, um dia claro, luminoso e frio, Virginia foi como de costume ao seu estúdio no jardim. Lá, escreveu duas cartas e atravessou os prados até o rio. Deixando a bengala na margem, ela esforçou-se para pôr uma grande pedra no bolso do casaco. Depois encaminhou-se para a morte

Em 28 de março de 2014, completou 73 anos que a escritora inglesa Virginia Woolf se matou. Virginia, que hoje tende a ser comparada (desfavoravelmente) a James Joyce, que ela considerava (invejosamente) um operário autodidata, morreu aos 59 anos, jogando-se no Rio Ouse, em 1941.

A obra de Virginia permanece gerando polêmica. Para alguns, ainda é inovadora. Para outros, teria envelhecido. A revolução de Virginia estaria obscurecida pela revolução de Joyce. Talvez o mais justo seja não comparar os dois autores, percebendo, antes, que há diferenças, apesar de estarem próximos (literalmente), entre eles.

Sobre sua vida, é possível saber alguma ou muita coisa, principalmente depois da sensível e abrangente biografia de Quentin Bell. Infelizmente, a autobiografia de Leonard Woolf ainda não foi traduzida para o português. Leonard foi a pessoa que mais entendeu Virginia. É provável que ela tenha escrito a maioria de suas obras porque teve o apoio firme do marido e amigo. Leonard sacrificou-se pelo talento de Virginia. Trata-se do sacrifício do menor talento pela afirmação do maior talento. O casamento sequer lhe proporcionou prazer sexual.

“Virginia Woolf — Uma Biografia” (1882-1941), do escritor Quentin Bell, sobrinho de Virginia e filho de Vanessa e Clive Bell, é um livro belíssimo e traz fotografias excelentes. O meu texto é uma pálida síntese da esplêndida obra de Quentin Bell — publicada no Brasil pela Editora Guanabara, com tradução de Lya Luft. O único senão é a revisão, catastrófica, como de hábito no “nosso” doce Bananão.

Para sorte dos leitores, a biografia, embora esgotada, pode ser encontrada em sebos. Um detalhe relevante para os preguiçosos leitores brasileiros, filhos diletos da televisão: a biografia tem 614 páginas. É um cartapácio. Um detalhe convidativo: o texto de Quentin Bell é agradável e não tem ranços acadêmicos.

Virginia Woolf e Leslie Stephen

Como disse, meu texto é uma pálida síntese do livro de Quentin Bell. Há histórias interessantíssimas sobre Virginia, que tinha o apelido de “Cabrita” , mas, se fosse contar todas, precisaria de mil páginas e o leitor não leria o livro. Registrarei mais o “crescimento” efetivo e literário de Virginia.

Os familiares de Virginia, por parte de pai, eram todos escritores. Eram da alta classe média inglesa. Virginia Stephen nasceu no dia 25 de Janeiro de 1882. Só aprendeu a falar depois dos 3 anos. Aos 6 anos, falava bem e contava estórias deliciosas. Era uma espécie de Hemingway de saias. Mas nada sacava de aritmética.

Ainda jovenzinha, foi bolinada pelo meio-irmão George. Pode ter sido a causa de sua permanente frigidez sexual. Antes dos 13 anos, depois de várias leituras, buscando sem conseguir um estilo próprio, começou a copiar Nathaniel Hawthorne. Aos 16 anos, apaixona-se por uma mulher, Madge. Nada de sexo. Puro amor. Afeto. Paixão adolescente.

Virginia era uma leitora compulsiva. Queria compensar, em tempo recorde, o fato de não ter educação formal, universitária. Os irmãos Thoby e Adrian estudaram em Cambridge. Ela não pôde estudar lá. Ficou ressentida a vida inteira. A saída foi ler bastante, aprender sozinha ou com o pai, Leslie Stephen, um homem sábio mas de personalidade frágil e difícil.

Depois da morte do pai, em 1904, Virginia tenta se matar, pulando de uma janela, mas não consegue. A janela era baixa e ela se machucou muito pouco. Mas a alma estava profundamente ferida. A garota estava tão maluca que ouvia os pássaros cantando em grego. E já estava apaixonada por outra mulher — Violet Dickinson. De novo, nada de sexo. É o que diz o informadíssimo Quentin Bell. Seu sobrinho, vale ressaltar.

Entretanto, apesar de parente, Quentin aparentemente não esconde fatos, o que pode ser comprovado lendo outras biografias de Virginia. O autor é franco e claro, embora Lya Luft, a tradutora, procure termos mais suaves para falar do “lado” lésbico de Virginia e do homossexualismo dos amigos da escritora. Safismo e sodomita são palavras que estão registradas nos dicionários brasileiros, mas não no vocabulário do nosso leitor médio. No lugar de sodomita, para ficar mais claro, a tradutora poderia ter ousado e escrito “viado” (com i) ou, pelo menos, “homossexual”. Mas isso não importa tanto. São detalhes de nenhuma importância.

Em 1904, por interferência de Violet, Virgínia começa a escrever críticas (não assinadas) para o “The Guardian”. Em 1905, Thoby começa as noites de quinta-feira, no famoso bairro de Bloomsbury, com a presença de Saxon Sydney-Tuner, Leonard Woolf, Lytton Strachey (irmão do grande tradutor de Freud, James Strachey), Clive Bell e Desmond MacCarthy. Jack Pollock, E. M. Forster, Bertrand Russell e John Maynard Keynes também participavam da “farra” intelectual.

Henry James, amigo do pai de Virginia, não gostou do grupo de Bloomsbury, que achava de baixo nível. Rebelde, o grupo usava roupas esdrúxulas e falava palavrão. Vanessa, pintora, mãe de Quentin Bell, também participava das reuniões e era adepta do “sexo livre”. Ela própria era chifrada por Clive Bell e chifrava o marido. Nenhum dos dois, porém, gostava das chifradas. O liberalismo na prática é uma piada.

Por Eueler de França Belém

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ENCONTRO DE ESCRITORES - ANEXO - JORNAL A NOTÍCIA

Caso encerrado - saiba um pouco!

Caso Encerrado
Caso encerrado traz uma coletânea de contos cujas personagens são pessoas comuns, vivendo dramas conhecidos, pela maioria da população, por se fazerem presentes em seu dia a dia. Dramas, esses, muito próximos de todos, seja por experiência vivida ou vivenciada. Em linguagem simples, a violência, que estarrece, mostrada em diferentes facetas, é marca preponderante na maioria das narrativas. Como deixar a morte de fora, se a mesma anda lado a lado com a vida? Como falar de vida sem abordar o seu contrário? Partindo dessa reflexão, a verossimilhança é construída, permitindo que o leitor reconheça o fato no mundo real. Em Os cães ladram, por exemplo, é um assassinato e um suicídio que permitem que o fantástico seja coerente. Já em Nem que a morte os separe e em Piedade, o elemento morte torna possível a realização de um amor. São os contrastes que imprimem cor e sabor em nossa trajetória. Conviver, diariamente, com a morte faz parte da vida, seja a morte de um sonho, de uma ilusão, como é dito em Maçã do amor e Cândida ou da morte física, derradeira e cruel, conforme acontece em Sobressalto e no conto que dá nome ao livro. Caso encerrado constitui-se de narrativas despretensiosas, possíveis, simplesmente.

Esse é meu primeiro lançamento, previsto para 21/11/14, prefaciado pelo professor doutor José Fernandes - escritor e crítico literário.

http://www.palavralivre.com.br/2014/09/literatura-vem-ai-o-ii-encontro-catarinense-de-escritores-em-novembro/


Há quase um ano um grupo de escritores, cronistas, poetas, contistas, contadores de histórias promoveu um marco importante para a literatura: o I Encontro Catarinense de Escritores.

O evento aconteceu no dia 9 de novembro de 2013, no auditório Alfredo Salfer – Centreventos Cau Hansen. Durante todo o dia, um sábado, a Associação Confraria das letras conseguiu reunir cerca de 110 escritores e amantes da literatura.

Agora a Associação prepara o II Encontro para os dias 14 e 15 de novembro no Bom Jesus/Ielusc, com metas ambiciosas de reunir aproximadamente 180 inscritos, ampliando o tempo disponível para a reflexão e o debate sobre a literatura com presenças renomadas de todo o país. O jornalista e escritor Paulo Markun vai abrir o evento.

Para valorizar o evento, a Associação Confraria das Letras vai realizar o lançamento oficial do II Encontro Catarinense de Escritores no próximo dia 1 de outubro (quarta-feira) às 10 horas no salão de eventos do Hotel Slaviero localizado na rua 7 de setembro, 40 no centro de Joinville (SC), com a presença de representantes da Associação, imprensa, apoiadores, escritores, autoridades e convidados.

No evento será realizada uma entrevista coletiva com mais detalhes para a imprensa e mídia em geral. A entidade mantém página no Facebook – www.facebook.com/associacaoconfrariadasletras – e o email de contato para informações é  associacaoconfrariadasletras@outlook.com.

Primavera - José Fernandes


Setembro chegou sorrindo folhas
e flores abrindo-se para os beija-
polens pintarem o verde e o azul.
Por isso, me rio de flores e frutos
de mim para o tempo que me ri
chuva a escorrer pelos meus cantos.

Por isso, também lhes digo para rirem:
a rosa, o seu vermelho; a laranjeira,
o seu cheiro branco; a noite, a sua luz;
o calor, o seu gelo; a pedra, sua maciez.

Assim a alegria aconselha o tempo
e suas variações de riso e siso,
de plenitude e escassez, repetindo-se
desde que Hades raptou Perséfone
e seus humores de sálvia e alecrim,
de abelha e mel de alegre Alegria.

José Fernandes 1-9-2014

Primavera são flores - Getúlio Targino Lima


Primavera são flores, cor e vida,
pulsação incontida de emoções.
São reinos naturais em comovida
simbiose de paz e amor: lições...


Primavera são flores...Despedida
só tem lugar em outras estações.
Primavera é começo, não partida.
É o tudo que da vida tu dispões.

É sorriso, é prazer, deslumbramento,
Como o primeiro amor ou beijo dado
-A eternidade toda num momento!

A primavera és tu, beleza rara,
feito de Deus, completo e acabado,
que a humana imperfeição conforta e ampara.

Getúlio Targino Lima ( Do livro " A dama do oculto " )
Getulio Targino Lima

Celestino Sachet é presença! Participe!


Celestino Sachet também abrilhantará nosso II Encontro Catarinense de Escritores!

De Nova Veneza, sul de Santa Catarina [1930], ele é doutorado no México e o pós-doutorado em Ponta Delgada, arquipélago dos Açores, Portugal.

Tem mais de vinte livros publicados, muitos deles dedicados à Literatura Catarinense.

O mais recente – A literatura dos catarinenses [espaços e caminhos de uma identidade] – faz um raio X do poema, prosa e teatro da produção contemporânea.

Sem dúvida, um dos estudiosos mais influentes e respeitados da atualidade.

Gostou? Então inscreva-se já e garanta seu espaço para ampliar o conhecimento!