Sangue Verde" - Donald Malschitzky
Uma citação que não cabe neste livro é a tradicional, e meio medrosa,“qualquer semelhança é mera coincidência”, pois não é de semelhanças ou de coincidências que o livro trata: seus personagens existiam e existem na imensidão da Amazônia vasta e verde, machucada pela ganância, destruída pela insensatez, sangrando pelas artérias que desenham mapas de cobiça e de morte.
O autor diz que apelou a todos os santos e demônios para produzir o romance. Parece que atenderam, pois suas páginas retratam a maldade suprema que a falta de escrúpulos pode inocular no coração do homem, e a bondade de entrega feita de amor e determinação. No meio disso, os homens, seus sonhos e desgraças, a selva e as árvores caídas. Ao olharmos um bracelete de ouro, não imaginamos a miséria que o recolheu da terra. “Sangue Verde” a desnuda, assim como denuncia, sem panfletagem, a invasão da selva para pastagens ou campos de cultivo, mesmo que isso signifique morte.
Corrupção e burocracia, no dia a dia de um território em que a lei depende dos mais fortes e menos honestos, perpassam as páginas, embora haja esperança de justiça, personificada no juiz Rodolfo, inimigo do senador Bambico. Não faltam romances, mas mesmo esses carregam um peso, como se o calor, a terra e os acontecimentos que os cercam os tornassem densos e tensos.
Publicado na Revista 21, da ACIJ (Associação Comercial e Industrial de Joinville) Donald Malschitzky, escritor
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