Viola Tropeira
Retirado do site: WWW.VIOLATROPEIRA.COM.BR
O Bandeirante da
Música Caipira
Jornalista, escritor, poeta, folclorista e cantador, ele foi o primeiro a
gravar um disco de música caipira. É também obra sua a divulgação desta música,
através de um Teatro Ambulante.
A história do
disco caipira, de tão grande sucesso nos dias atuais, começa em maio de 1929,
com a primeira gravação da Turma de Cornélio Pires . Era um 78 rotações de
rótulo vermelho, que levava o selo Columbia. De um lado, “Jorginho do Sertão” e
, do outro, “Moda de Pião”, ambas de autoria do próprio Cornélio.
E quem seria Cornélio Pires, considerado
o “bandeirante da música caipira”?
Natural da cidade de Tietê
(SP), escritor, folclorista, Jornalista, poeta e cantador, Cornélio nasceu a
mais de cem anos atrás, em 1884.Foi com ele que a música sertaneja passou a ser
encarada sob o ponto de vista profissional. A princípio, por volta de 1914,
Cornélio dedicava-se a organizar espetáculos pelo interior de São Paulo, para
divulgar a arte caipira e apresentar artistas sertanejos: eram as Conferências Cornélio Pires.
Com o passar do tempo,
aquelas apresentações tomaram jeito de espetáculos, e foi a essa altura
que Cornélio Pires tomou a iniciativa de gravar um disco. Ao chegar em São Paulo,
porém, viu seu grande sonho cair água abaixo: gravadora alguma queria arriscar
um tipo de música que, acreditavam , não teria receptividade junto ao público.
Confiante em seus propósitos,
Cornélio não desistiu. Ao contrário, armou-se de toda sua força de vontade,
juntou-se a alguns amigos (as duplas Zico Dias e Ferrinho, Mandi e Sorocabinha,
Mariano e Caçula) e pagou para gravar seu próprio disco.Lançava, assim, em maio
de 1929, a Série Caipira Cornélio Pires. Pode-se dizer, portanto, que ele foi
um dos primeiros “independentes” da música brasileira.
De cara, “Jorginho do Sertão”
e “Moda de Pião” desmentiram as previsões das gravadoras:em apenas 20 dia, o
disco estourava com cinco mil cópias vendidas. Vitorioso, Cornélio passou a ser
assediado por propostas tentadoras das mesmas companhias que antes o ignoraram.
Não aceitou esses convites, decidido a continuar financiando seus discos. E
sucederam-se as gravações: “Entre Alemão e Italiano”, “Anedotas
Norte-americanas”, “Astúcias de Negro Velho”, “Rebatidas de Caipira”, “Numa
Escola Sertaneja”, “Coisas de Caipira”, “Batizado de Sapinho”, “Desafio
Caipira”e “Verdadeiro Samba Paulista”, grandes sucessos na época .
De sucessos em sucesso, criou
em 1946, o Teatro Ambulante Cornélio Pires, composto de dois carros, um com
biblioteca e outro com discoteca para percorrer o interior paulista, onde
apresentava-se em praça públicas. Em 1948, recebia o patrocínio da Companhia
Antártica Paulista, que distribuía bonés com sua marca durante os shows
de seu grande astro.
Antes de morrer de um câncer na laringe, em 1958, Cornélio Pires pode se
orgulhar por ter aberto caminho para os programas de música sertaneja nas
rádios do país. Foi também a luz que indicou às gravadoras o novo e
bem-sucedido caminho da música sertaneja. Uma dessas gravadoras, a RCA Victor,
não demorou a formar a Turma Caipira Victor pra lançamentos exclusivos na área.
E, no mesmo ano de sua morte,
Cornélio Pires saboreou mais uma vitória: a apresentação de um espetáculo
caipira no Teatro Municipal de São Paulo, templo sagrado da música clássica.
Era, já naquela época, o triunfo da música caipira , e de Cornélio Pires.
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