INEZITA BARROSO




Inezita Barroso
Nascida em São Paulo na Barra Funda, e com cinco anos passava temporadas na fazenda de sua família em campinas , teve um contato muito grande com colonos , que no final da tarde se reuniam no terreiro pra tocar e cantar, nos conta ela, que ficava muito impressionada querendo aprender as letras, mais as modas daquela época eram muita compridas , quando aprendeu a escrever, anotava as letras em seus cadernos, voltava para a cidade e cantava nas festas da escola, da igreja e nos aniversários . Mas tarde na faculdade  que ela se voltou para música caipira folclórica popular, tinha um grupo curtia esse gênero (Paulo Autran, Clovis Garcia,Renato Consorte), cantávamos na faculdade e todos os domingos se reuniam  cantar. Ela se profissionalizou por acaso no nordeste em Recife, foi a passeio e cantando em um recital  beneficente no teatro Santa Isabel, o sucesso foi tão grande que na mesma noite lhe contrataram para um programa na Rádio Clube do Recife: “Eu cantava música típica do sul , lá era uma novidade todos gostavam” .
   Era a única mulher que cantava o gênero caipira, pois haviam muitas duplas,costume que vem de longe nos conta ela , da época da colonização.Os jesuítas, para atrair os índios, chamavam os meninos para cantarem no coro e isso marcou profundamente a cultura paulista. É um costume tão arraigado que quando um começa a cantar, o outro já entra na segunda voz.Até no cururu , que é a manifestação mais importante do interior é o desafio paulista, tem a segunda voz.
   A primeira música gravada foi “A Marvada Pinga”, do compositor Sorocabano Lauriano ,e no outro lado do disco foi gravado “Ronda”,do compositor Paulo Vanzolini.
        Perguntada sobre a diferença da música caipira, sertaneja e folclórica, a folclorista nos conta que a palavra sertaneja é um termo nordestino, na região centro-sul não se falava sertanejo era o caboclo, o caipira, o tropeiro, o bugre, o colono. Esse termo foi inventado pelas gravadoras por preconceito ao termo caipira, então a música sertaneja não existe. Por que a música nordestina, que é maravilhosa,  é chamada de música nordestina  e não sertaneja? Já a música folclórica esta profundamente ligada  as festas populares, Festa do Divino muito típica na região de Tietê, Festa de Reis, Caiapós e Congadas. E a caipira é uma música que fala sobre a terra, sobre o animal, sobre a natureza, porque o cantador caipira é antes de mais nada um jornalista, um jogral , que conta as coisas da sua região com sua própria linguagem. Existe um grupo de intelectuais que quer interferir corrigindo os erros de português tão comum na música caipira, tirando sua autenticidade. É o dialeto paulista, os sambas de Paulo Vanzolin e Adoniram Barboza usam este mesmo dialeto e não sofrem tanto preconceito. Esse texto foi extraído de uma entrevista dada por Inezita Barroso em  1982.



 










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