DESGUARDADOR DE DORES
I.
em suas retinas
as imagens imóveis não codificam
as ânsias que lhe habitam...
e não pela vez primeira
um sorriso urgente molda-lhe o semblante
adolescendo as esperas
e contemplando o segredo das auroras...
II.
quais mármores espedaçados
suas palavras pedem o gume do vazio
pois os organogramas das manhãs
já diluíram o faro das suas reminiscências...
e mais uma vez os sabiás de voos dourados
que lhe gorjeiam e apontam o sol
desatestam o óbito do devenir
III.
sem surpresas
cortando o pulso das horas
lateja em sua fronte
a mesquinhez acrobática do cotidiano...
e novamente amadurece em seu olhar
o néctar que reinventa os jardins
que colorem os colibris do sonho
IV.
a flor negra na lapela do tempo
espreita os seus passos matinais
enquanto os arranha-céus da solidão
ocultam o sorriso dos flamboyants...
e salvaguardando-se com silêncios
ele grita a liberdade
sempre
assim...
V.
e assim ele segue
sempre
e
sempre
aguardando andores
desguardando dores...
® Rubenio Marcelo
- *poema do nosso novo “Veleiros da Essência”, recém-lançado no auditório do CREA-MS.
Ótimo final de semana a todos. Viva a poesia!
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