Guimarães Rosa


“O senhor… mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam, verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra montão.“

(João Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas)

João Guimarães Rosa, ou simplesmente Guimarães Rosa, nasceu na cidade mineira de Cordisburgo, em 27 de junho de 1908. Formou-se médico e chegou a exercer a profissão, clinicando nas cidades do interior de seu estado, Minas Gerais. Posteriormente, ingressou na carreira diplomática, tendo vivido em diversos países, o que lhe conferiu um profundo conhecimento de línguas (o escritor falava diversos idiomas) e diferentes culturas. Dividido entre a carreira diplomática e a Literatura, Guimarães Rosa fez várias incursões pelo interior de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Bahia, o que lhe rendeu um interessante estudo linguístico sobre a linguagem do povo simples, anotando seus maneirismos de fala colhidos em longas conversas.

Considerado um dos maiores nomes da Literatura brasileira, sua produção literária caracterizou-se, sobretudo, pela combinação entre elementos eruditos e arcaicos, em uma mescla singular entre o antigo e o moderno. Sua pesquisa linguística, desenvolvida através dos depoimentos que tomava dos habitantes dos lugares onde passava — fez-se interlocutor de jagunços, vaqueiros, prostitutas e beatas —, foi fundamental para a inovação que promoveu na linguagem da narrativa brasileira. Subverteu a velha tradição regionalista ao apresentar uma originalidade sem precedentes, alcançada graças a seus experimentos linguísticos e a uma mudança nas técnicas narrativas que revolucionou o romance regional.

Seu primeiro livro, Sagarana, foi publicado no ano de 1946. Posteriormente, Corpo de Baile (1956), o polêmico Grande Sertão: Veredas (1956), Primeiras Estórias (1962) e Tutameia, publicado no ano de sua morte (1967). Entre seus livros, podemos destacar Grande Sertão: Veredas como sua obra-prima, figurando entre um dos mais importantes romances de nossa Literatura ao fundir o regional ao erudito, o folclore à cultura dos livros clássicos e o real com o fantástico. Permeado por elementos míticos e épicos, Grande Sertão: Veredas conta-nos a história de Riobaldo, o narrador-protagonista que ao longo de seu monólogo conta suas reminiscências sobre as lutas e desavenças entre jagunços nos sertões de Minas, Goiás e sul da Bahia, além das lembranças sobre suas experiências amorosas.

Apesar de ser identificado como um dos representantes da prosa regionalista, Guimarães Rosa pode ser considerado um escritor universal, pois a temática de sua obra propõe-se à investigação da alma humana, compreendendo as inquietações e angústias do homem sem nunca abandonar os valores do povo do sertão mineiro. Faleceu no Rio de Janeiro, três dias após sua posse na Academia Brasileira de Letras, em 19 de novembro de 1967.

0 comentários:

Postar um comentário