CAMPO SEMÂNTICO / CAMPO LEXICAL - LANGUE / PAROLE - SAUSSURE


     Por não estarem devidamente diferenciados ou definidos, os conceitos de campo semântico e campo lexical frequentemente são confundidos. Tanto o campo semântico quanto o campo lexical são utilizados pela linguística textual a fim do melhor e mais adequado uso das palavras da língua portuguesa. Para entendê-los melhor propomos alguns esclarecimentos e algumas conceituações:

      Léxico é o conjunto de palavras pertencentes a determinada língua. Por exemplo, temos um léxico da língua portuguesa que é o conjunto de todas as palavras que são compreensíveis em nossa língua. Quando essas palavras são materializadas em um texto, oral ou escrito, são chamadas de vocabulário. O conjunto de palavras utilizadas por um indivíduo, portanto, constituem o seu vocabulário.

     Nenhum falante consegue dominar o léxico da língua que fala, já que o mesmo é modificado constantemente através de palavras novas e palavras que não são mais utilizadas. Além de possuir uma quantidade muito grande de palavras, o que impossibilita alguém de arquivar todas em sua memória.

        O campo lexical, por sua vez é o conjunto de palavras que pertencem a uma mesma área de conhecimento, e está dentro do léxico de alguma língua.

        São exemplos de campos lexicais:

- o da medicina: estetoscópio, cirurgia, esterilização, medicação, etc.
- o da escola: livros, disciplinas, biblioteca, material escolar, etc.
- o da informática: software, hardware, programas, sites, internet, etc.
- o do teatro: expressão, palco, figurino, maquiagem, atuação, etc.
- campo lexical dos sentimentos: amor, tristeza, ódio, carinho, saudade, etc.
- campo lexical das relações inter-pessoais: amigos, parentes, família, colegas de trabalho, etc.

      Semântica é o estudo do significado, no caso das palavras, a semântica estuda a significação das mesmas individualmente, aplicadas a um contexto e com influência de outras palavras.

        O campo semântico, por sua vez, é o conjunto de possibilidades que uma mesma palavra ou conceito tem de ser empregada(o) em diversos contextos. O conceito de campo semântico está ligado ao conceito de polissemia.

     Uma mesma palavra pode tomar vários significados diferentes em um mesmo texto, dependendo de como ela for empregada e de que palavras a acompanham para tornar claro o significado que ela assume naquela situação.

Por exemplo:

- conhecer: ver, aprofundar-se, saber que existe, etc.
- bacia: utensílio de cozinha, parte do esqueleto humano.
- brincadeira: divertimento, distração, passa-tempo, gozação, piada, etc.
- estado: situação, particípio de estar, divisão de um país, etc.

      O campo semântico pode também ser o conjunto das maneiras que são utilizadas para expressar um mesmo conceito.

Exemplos:

- Campo semântico em torno do conceito de morte: bater as botas, falecer, ir dessa para a melhor, passar para um plano superior, falecer, apagar, etc.

- Campo semântico em torno do conceito de enganar: trapacear, engabelar, fazer de bobo, vacilar, etc.
( INFOESCOLA )


LANGUE X PAROLE

Eis então nossa primeira
Dicotomia importante:
“Langue” e “parole” são termos
usados de agora em diante
para os dois tipos de língua
de que se serve o falante.

Todos nós, quando nascemos,
Temos o dom de pensar,
Mas pensar exige um meio
Para a ideia enunciar,
E a langue é o meio que existe
Entre o pensar e o falar.

A langue é como um tesouro
Que a nossa mente contém,
O exemplar de um dicionário
Que toda pessoa tem,
Consciência coletiva,
De todos e de ninguém.

A langue, na sociedade,
É uma instituição,
É um sistema de signos
Usados por convenção,
E para a vida gregária
Tem força de coesão.

Por sua ver a parole,
Como está dito no “Curso”,
Já é um fato diverso,
Um diferente recurso,
Ou seja, a própria palavra
Realizada em discurso.

Dentro da língua, a parole
Corresponde à atividade
Cotidiana e concreta
Ligada à realidade,
Pertence a cada indivíduo
E não à comunidade.

Utilizando a parole
Sempre dentro de um contexto,
É livre assim o indivíduo
Para compor o seu texto,
Tocando em qualquer assunto,
Falando a qualquer pretexto.

Nem a langue é soberana,
Nem a parole se impõe:
Uma depende da outra,
Enquanto à outra se opõe,
E desse eterno contraste
É que a língua se compõe.

Fazendo agora um resumo
Desta breve exposição,
Seria a langue o produto
E a parole, a produção;
Langue – o sistema da língua;
Parole - língua em ação.

A langue é que é permanente,
E a parole, ocasional;
A langue é que é coletiva,
A parole é pessoal;
Uma – ideal e abstrata,
Outra – concreta e real.

Saussure então vê a língua
Por uma dicotomia:
Descrita em dado momento
Por meio da sincronia,
Ou vista através do tempo,
Segundo a diacronia.

Ora, a Lingüística antiga,
Histórica ou normativa,
Tinha uma visão da língua
Fechada e retrospectiva,
E juntava em seus estudos
Língua morta e língua viva.

Interessava aos linguistas
E aos gramáticos antigos
Analisar alfarrábios,
Abrir tumbas e jazigos,
Eram servos da História,
Da Arqueologia os amigos.

Na visão da sincronia,
Que Saussure introduziu,
A Linguística afirmou-se,
Como ciência surgiu,
Independente e completa
Se impôs e se definiu.

Vem em seguida, no “Curso”,
Os eixos das relações
onde atua o mecanismo
Das varias oposições
Que no sistema da língua
Geram termos e orações.

São ditas associativas,
Na base vocabular,
As opções que o falante
Exerce ao selecionar
Cada som, cada palavra,
Para a fala enunciar.

As relações do outro tipo,
Sintagmáticas chamadas,
Ocorrem entre as palavras
Que, na oração colocadas,
Se apoiam umas nas outras,
Atuando encadeadas.

Por exemplo, quando eu digo:
“Deus é bom”, cada elemento
Exerce um papel na frase
Nesse relacionamento
Que, pela ordem dos termos,
Dá sentido ao pensamento.
( navarrosandra.wordpress.com )

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