Escrever não é uma profissão fácil. Ao contrário do que alguns podem pensar, criar personagens consistentes e um roteiro interessante requer dedicação e uma dose extra de talento e vocação. Por isso, contratar alguém que já possui a habilidade e experiência de escrever para o público adequado pode ser a solução para quem quer ter sua obra publicada e com sucesso garantido. É aí que entra o ghostwriter ou escritor fantasma: profissional pago para escrever livros, artigos e até mesmo músicas e trilhas sonoras em nome de uma terceira pessoa. O trabalho dosghostwriters tornou-se conhecido, sobretudo, no mundo das celebridades e das personalidades políticas, onde os escritores fantasmas são frequentemente contratados para redigir discursos, biografias e, até mesmo, para dar continuidade ao legado de um autor consagrado após a sua morte.
Um grande número de encíclicas papais, por exemplo, foram escritas por ghostwriters. E há tempos, compositores contratam esses profissionais para escrever canções e peças musicais inteiras. Um caso famoso na história da música é a do compositor austríaco Mozart. Durante anos, ele foi pago para escrever músicas para seus patrões da nobreza. Outro caso emblemático é o da música Respect, que apesar de ter sido imortalizada pela voz de Aretha Franklin, em 1967, na verdade foi escrita por Crooner Otis Redding.Charlie Chaplin também forneceu apenas uma ideia geral de suas melodias para o filme Tempos Modernos que foram compostas, na verdade, pelo ghostwriter David Raksin.
Na política, o filho bastardo do Visconde de Vila Nova da Rainha, Francisco Gomes da Silva, oChalaça, era amigo favorito e ghostwriter de D. Pedro I. Séculos depois, foi a vez de Autran Dourado tornar-se escritor fantasma do ex-presidente brasileiro Juscelino Kubitschek. O autor foi imortalizado pela frase proferida: “eu era apenas a mão que escrevia”, se referindo aos discursos do até então presidente da república. Ainda em território político, podemos citar outro caso antigo na história: o de John Quincy Adams, autor da Doutrina Monroe. Ainda que a tenha escrito enquanto trabalhava como secretário de Estado de James Monroe, a doutrina introduzida em seu governo leva o nome do político e não de Adams.
Na literatura, esses escritores fantasmas já inspiraram algumas histórias. É o caso de Budapeste, de Chico Buarque, que conta a história de José Costa, um ghostwriter especialista em escrever cartas, artigos e livros para terceiros e, mais recentemente, O Fantasma, de Robert Harris, com adaptação para o cinema de Roman Polański no filme O Escritor Fantasma. Recentemente, surgiram rumores de que o mestre do terror, Stephen King, não seria autor de alguns de seus livros. Porém, embora haja provas de que ele colabora com outros escritores, não há nenhuma evidência de que o próprio King usa ghostwriters para escrever seus romances. Então, boatos à parte, há muitos casos na literatura em que, comprovadamente, o nome que aparece na capa do livro difere de quem realmente escreveu a obra.
(ESTANTE VIRTUAL)
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