A FELICIDADE CONJUGAL / TOLSTÓI / SUGESTÃO DE LEITURA


A Felicidade Conjugal - Leon Tolstói


A história é narrada pela jovem María Aleksândrovna, que perder os pais e passa a ser cuidada por Kátia, sua devota criada.
Serguêi Mikháilich, amigo da família, tornou-se provedor de María. Passou a frequentar a casa e despertou o interesse da jovem, apesar da diferença de idade entre eles. Serguêi sentia-se inibido em confessar a sua pretensão, mas, com o passar do tempo, a jovem facilita a decisão e, ele, a propõe o casamento.
Decidiram morar, nos primeiros meses de casados, na mansão de Tatiana Semiônovna, mãe de Serguêi. A felicidade era plena até María perceber que o estilo formal da família a sufocava e impossibilitava de demonstrar, com espontaneidade, o amor que sentia pelo marido.
Serguêi, ao perceber sinais do descontentamento da mulher, propôs a mudança para a cidade e a advertiu sobre a inconveniência de aproximação da sociedade local, contudo, María, por ser jovem e atraente, foi envolvida em festas e eventos, nos quais despertava a atenção de pessoas importantes da sociedade.
O fato incomodava Serguêi, apesar de se manter discreto. Entendia que não deveria exigir que a sua jovem esposa deixasse de experimentar o que ele próprio não valorava.
O nascimento do filho não inibiu o interesse de María pelas festas e a falta de interesse, pelo filho, era motivo de observações silenciosas de Serguêi.
Atraída por um marquês italiano, durante uma temporada de águas, após o nascimento do filho e a morte da sogra, a relação com Serguêi passou a ser fria e rotineira.
A diferença de idade do casal contribuiu para o conflito de objetivos. Enquanto Serguêi necessitava de tranquilidade, María buscava emoção.

Ao ser questionado sobre o relacionamento, Serguêi disse: “(...) será que alguém pode ficar descontente com alguma coisa, se é tão feliz como sou agora? É mais fácil ceder do que tentar dobrar os outros, estou convencido disso há muito tempo. Não existe situação em que não se possa ser feliz.”
O sentimento de Serguêi sobre felicidade foi modificado após o desgaste no relacionamento provocado pelo comportamento da mulher e contestou: “Todos nós, especialmente você mulheres, precisam viver todo o absurdo da vida, para podermos voltar à vida verdadeira.”

O autor mostra a dificuldade do relacionamento conjugal, o processo de tolerância nas relações, a insegurança nos relacionamentos entre pessoas com idades muito diferentes, a superficialidade das sociedades aristocráticas e, principalmente, o desinteresse provocado pelo tempo de relacionamento.

Leon Tolstói aborda o tema com sutileza e habilidade, faz o leitor refletir sobre o que fez ou deixou por fazer para a manutenção de relacionamentos e mostra a vulnerabilidade das pessoas nas relações conjugais.
Quando o leitor espera um final impactante, Tolstói nos remete a um simples e cotidiano ensinamento: “A partir daquele dia, terminou o meu romance com o meu marido. O antigo sentimento tornou-se uma recordação preciosa, mas impossível de renascer.”

O texto é impregnado de sentimento e desejo, feminino, de experimentar o que a vida oferece, enquanto o seu parceiro, pacientemente, observa o desenrolar dos acontecimentos, com o propósito de facilitar o seu aprendizado. Assim, María declara:“Havia em mim excesso de energia que não encontrava escoadouro (...).”

Informações sobre o autor – Leon Tolstói é considerado um dos maiores escritores de todos os tempos. Ficou famoso por tornar-se, na velhice, um pacifista, cujos textos e idéias batiam de frente com as igrejas e governos, pregando uma vida simples e em proximidade à natureza. Foi um dos grandes da literatura russa do século XIX. Suas obras mais famosas são Guerra e Paz e Anna Karenina. Morreu aos 82 anos, de pneumonia, durante uma fuga de sua casa, buscando viver uma vida simples. () 
Referência bibliográfica
Tostói, Leon, gráf.. 1828-1910
A felicidade conjugal, seguindo de, O diabo / Leon Tostói; traduçãoe prrefácio de Maria Aparecida Botelho Pereira Soares. - Porto Alegre, RS : L&PM, 2009.
122p. (L&PM Pocket; v.692)
VISÃO LITERÁRIA

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