Por Ana Paula de Araújo
Manuelzão e Miguilim é composto por duas novelas “Campo Geral” e “Uma estória de Amor”, um narrada por Miguilim, um menino que mora com sua família na mata do Mutum em Minas Gerais, e outra narrada por Manuelzão, um vaqueiro que administra uma fazenda e nela constrói uma capela a pedido de sua falecida mãe. As duas histórias se completam mostrando a infância e a velhice dos personagens, girando sempre em torno de suas descobertas e recordações.
O texto é escrito em terceira pessoa, a partir das vivências do universo infantil de Miguilim, e do universo maduro e vivido de Manuelzão, um homem de mais de sessenta anos, revelando suas alegrias e tristezas, suas reflexões, sua visão de mundo. As duas histórias acabam se complementando, como um começo e um fim de vida.
Campo Geral
É uma narrativa lírica que recria o mundo a partir da visão de uma criança. A infância é seu assunto principal, mostrada por Guimarães Rosa com emoção e sensibilidade. A novela ficou conhecida pelo nome de MIGUILIM, por ser uma espécie de biografia do mesmo, narrada somente sob seu ângulo de visão, porém aos moldes de um narrador onisciente.
Miguilim é uma criança inteligente e sensível e é sob a visão observadora deste menino que as personagens vão sendo apresentadas no texto, são elas: a mãe, os irmãos, o padrasto, o tio Terêz, a avó ranzinza, o pai que se suicidara, entre outros.
O tempo da narrativa é predominantemente psicológico, sem preocupação com as datas, e portanto, dando maior ênfase ao espaço e às pessoas (personagens). Tem como temas o amor, a fé, a amizade, a violência e como já dito, a infância. Com a morte do irmão e companheiro de brincadeiras, Dito, Miguilim é forçado a amadurecer, tornar-se independente.
Os demais acontecimentos da história giram todos em torno de sua convivência com outros personagens, como família e amigos, e de suas observações a respeito do mundo e das pessoas que o rodeiam.
Uma Estória de Amor
Mais conhecida como Manuelzão, a novela “Uma estória de amor” fala, de uma maneira igualmente lírica, da outra extremidade da vida, a velhice, reconstituindo a vida do vaqueiro Manuelzão, e relatando a consagração da capela que ele constrói na fazenda que administra.
A narrativa se desenvolve na véspera de uma boiada, relembrando sua vida e misturando suas recordações com os fatos do presente. A história se passa na fazenda Samara, entre o Rio e a Serra dos Gerais, contanto a respeito de uma festa que reuniu o povo e um padre para fazer a consagração da capela que havia sido construída na fazenda.
O discurso é indireto livre e o narrador fala pela boca de Manuelzão, mostrando sua visão pessoal a respeito dos acontecimentos. Tudo gira em torno desta personagem, que fala a respeito daquilo que teve maior significado durante sua vida: sua mãe, que havida pedido para ele construir a capela, seus cavalo, sua fazenda e sua vida selvagem no sertão.
Durante os preparativos da boiada, ele vai reconstituindo os fatos de sua vida, e a respeito deles fazendo suas reflexões.
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